Cinco meses se passaram em um piscar de olhos e, ao mesmo tempo, com a lentidão deliberada de uma obra-prima sendo esculpida. O mundo exterior, com suas guerras corporativas e ecos da alta sociedade, tornou-se um ruído distante e irrelevante. O universo de Dante e Helena havia se contraído para o espaço sagrado da casa na Vitória e do ateliê em Candeias, um universo que agora se expandia de uma nova e milagrosa maneira.
Helena, agora em seu sexto mês de gravidez, nunca se sentira tão poderosa. A apatia e o bloqueio criativo eram fantasmas de uma vida passada. A gravidez não a deixara mais lenta; pelo contrário, infundira em sua arte uma nova e visceral energia. Ela trabalhava no monumental mármore azul com uma resistência e um foco que espantavam Dante. Seu corpo, mudando a cada dia, não era um obstáculo, mas uma nova fonte de inspiração. A barriga proeminente, que ela apoiava contra a bancada de trabalho, era um lembrete constante do ato de criação mais fundamental de todos.
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