Alguns meses depois, sob o sol forte do verão baiano, o cheiro de argila fresca e tinta se misturava ao da maresia. O terreno baldio ao lado do ateliê de Helena não era mais uma promessa, mas uma realidade vibrante. A Escola de Escultura de Candeias, o primeiro projeto da Fundação Lídia Alencar, estava de portas abertas.
O prédio era exatamente como Helena o desenhara: uma estrutura orgânica de madeira, vidro e taipa que parecia ter brotado da terra. Não tinha a imponência fria de uma instituição, mas o abraço acolhedor de um lar. E, naquele primeiro dia oficial de aula, a casa estava cheia.
Vinte crianças de Candeias, com idades entre oito e catorze anos, exploravam o espaço com uma mistura de timidez e excitação. As paredes, ainda brancas e vazias, pareciam telas em branco à espera de suas histórias. As longas mesas de madeira já estavam cobertas com grandes montes de argila, e as prateleiras, abastecidas com ferramentas simples de madeira e metal.
Helena movia-se entre elas, não co