Os meses que se seguiram ao casamento foram como um longo e belo domingo de manhã. A guerra com Arthur Alencar se transformara em um impasse silencioso; derrotado e isolado, ele recuara para as sombras, deixando um vácuo que Dante e Helena preenchiam com trabalho, risadas e a construção lenta e deliberada de uma vida compartilhada.
A casa na Vitória já não era mais uma tela em branco. Tornara-se o epicentro do universo deles. As manhãs eram preenchidas com o barulho da construção do estúdio, que agora estava quase pronto, uma magnífica estrutura de vidro e madeira com vista para o mar. As tardes eram uma sinfonia de seus dois mundos: o som do cinzel de Helena no ateliê em Candeias misturando-se com o som da voz calma e comandante de Dante em suas chamadas de vídeo, reestruturando seu império a partir de uma mesa montada em um canto de seu santuário.
Eles eram uma equipe, em casa e no trabalho. Ele a ajudava a preparar os esboços para a exposição; ela lhe dava conselhos sobre a imagem