A manhã da abertura da exposição não começou com uma tensão nervosa, mas com a doce e caótica melodia da vida familiar. Na suíte do hotel, Lúcia cantarolava uma canção de ninar para a pequena Lúcia, enquanto Ricardo, o orgulhoso tio, tentava, sem sucesso, construir uma torre de blocos com Léo que fosse mais alta que seus joelhos. O ar cheirava a café e a talco de bebê, uma combinação que, para Helena, tornara-se o perfume de seu novo universo.
Ela se preparava em silêncio, não com a armadura de uma guerreira, mas com o vestido de uma rainha celebrando a paz. O tecido de seda azul, a cor de sua pedra mais teimosa, caía sobre seu corpo, que ainda guardava a suavidade da maternidade recente. Dante entrou no quarto, já impecável em seu smoking, e parou na porta, observando-a. Ele se aproximou e, com as mãos gentis de um homem que aprendera a linguagem da delicadeza, ajudou-a a fechar o fecho de seu colar de prata, uma de suas próprias criações.
— Pronta para mostrar ao mundo quem você é?