O silêncio na oficina não era mais produtivo ou íntimo. Tornara-se uma arma. Um espaço frio que Helena criara ao seu redor, e que Dante não sabia como cruzar. Por mais de uma hora, o único som foi o do cinzel dela contra a pedra, golpes rítmicos e furiosos que não pareciam estar criando, mas punindo o mármore. Cada batida era uma palavra não dita, cada lasca de pedra, uma acusação.
Dante permaneceu em seu canto, o laptop esquecido. Ele a observava, o peito apertado com um sentimento de impotência que lhe era totalmente estranho. Ele, que podia mover mercados e derrubar impérios com um telefonema, não conseguia transpor os três metros de chão empoeirado que os separavam. Ele havia cometido um erro tático, um erro de cálculo, e a mulher que ele amava havia se tornado um território hostil.
Ele tentou a lógica, a linguagem que sempre funcionara em seu mundo. — Helena, por favor, seja razoável — disse ele, a voz soando forçada na quietude. — Eu só estou tentando te manter segura. O mundo d