O apartamento estava silencioso quando Arthur entrou. Sempre estava. Ele nunca se dera ao trabalho de decorá-lo com nada que lembrasse aconchego. Tudo era funcional, elegante, limpo.
Fechou a porta atrás de si, apoiando a pasta de couro na mesa lateral. No hall, tirou o casaco e pendurou com precisão no cabide. Os gestos tão automáticos que ele não precisou pensar em nada enquanto fazia.
Mas, assim que os sapatos tocaram o piso frio, Helena voltou à mente com a mesma força de antes.
Aquilo começava a incomodar mais do que ele gostaria de admitir.
Passou pela sala ampla — janelas de vidro ocupando uma parede inteira, com vista para o centro de Londres. Os prédios lá fora pareciam pequenos demais para conter a quantidade de pensamentos que se amontoavam na cabeça dele.
Sentou-se no sofá, soltando um longo suspiro. Fechou os olhos.
Era só trabalho. Era tudo que deveria ser.
E, no entanto, Arthur não conseguia esquecer o modo como ela ficava absolutamente imóvel quando tentava disfarçar q