A chuva caía fina sobre Londres quando Arthur acordou antes do despertador. Não foi o barulho do celular, nem o movimento da rua que o tirou da cama — foi uma urgência interna. Uma inquietação que latejava desde a noite anterior, desde o momento em que terminara de ler a resposta de Helena.
Ela não pedia nada. Não exigia.
E por isso mesmo… tudo doía mais.
Levantou-se em silêncio, atravessou a cobertura ainda escura e acendeu apenas o abajur da sala. As duas cartas estavam ali, ao lado do laptop fechado — as mesmas que ele já havia lido, e relido, mas que agora o chamavam de um jeito diferente.
Pegou primeiro a de Eduardo. O papel já marcado pelas dobras, a caligrafia firme mas trêmula nos trechos mais íntimos.
Leu devagar. Como quem precisava encontrar, nas entrelinhas, as rachaduras de um homem que escrevera não para ele, mas para a filha.
Era a carta de Eduardo para Helena. E, mesmo assim, Arthur se sentia atingido por cada palavra.
“Eu falhei como pai. Como homem de negócios. E com