A cidade acordava devagar. Lisboa amanhecia com o céu limpo e uma brisa fresca cortando as ladeiras já douradas pelo sol. Arthur saiu do táxi com a mala pequena na mão. Não trouxe muita coisa. Só o necessário. Ou talvez nem isso. Não sabia quanto tempo ficaria. Não sabia o que encontraria.
Parou diante do portão baixo da casa.
Era uma casa simples, de dois andares, com cortinas rendadas nas janelas e vasos de manjericão pendurados na varanda. A fachada descascava em alguns pontos, como se o tempo tivesse passado sem pressa ali. Um lugar onde as coisas ainda tinham cheiro de história e café recém-passado.
Arthur respirou fundo.
Estava ali.
Atravessou o pequeno caminho de pedras e parou diante da porta. Pensou em mandar uma mensagem, em avisar, em voltar atrás.
Mas então ouviu a própria voz, silenciosa, dizendo: você veio até aqui. Agora bate.
E bateu.
Um, dois toques.
O som ecoou dentro da casa. Silêncio. Depois, passos lentos pelo corredor.
A porta se abriu.
Foi a mãe de Helena quem a