Helena entrou no flat com o coração disparado.
A chave tremeu na mão ao girar na fechadura.
Quando a porta se fechou atrás dela, a solidão pareceu ainda mais densa do que nas outras noites.
Ela largou a bolsa no chão.
Ficou parada por alguns segundos, respirando fundo, como se precisasse convencer a si mesma de que era forte o bastante para atravessar aquele momento.
Mas parte dela sabia que não era.
Não mais.
Ela caminhou até a cozinha, pegou um copo d’água e apoiou as mãos na bancada fria.
O silêncio parecia gritar.
O coração batia tão alto que chegava a ecoar nos ouvidos.
Pegou o celular e ficou olhando a tela apagada.
O polegar hesitava sobre o botão de ligar.
“Não faça isso,” dizia uma voz cansada dentro dela.
“Se começar, não vai conseguir parar.”
Mas outra voz — mais baixa, mais verdadeira — sussurrou que já era tarde demais.
Sentou-se no sofá, com as pernas dobradas, e respirou fundo.
A tela se acendeu, iluminando o rosto cansado.
Ela abriu a conversa que teimava em não apagar