Capítulo 41

O sábado amanheceu cinzento, como se Londres também não tivesse dormido.

Helena acordou no sofá, encolhida debaixo de uma manta que nem lembrava de ter puxado.

A carta do pai ainda estava sobre a mesa, a caligrafia dele ainda pulsando na memória como um eco que doía.

Ela estendeu a mão e tocou o papel, sentindo a respiração falhar.

Por um instante, quase desejou ter deixado o envelope fechado.

Era mais fácil acreditar que sabia quem era o vilão.

Mais fácil sustentar o ódio do que encarar a culpa.

Mas agora tudo parecia mais complicado.

E mais verdadeiro.

Ela fechou os olhos, tentando encontrar dentro de si a mulher que chegara a Londres tão certa do que queria.

Aquela que repetia como um mantra que Arthur Valente merecia pagar por tudo.

Mas essa mulher parecia ter desaparecido ontem à noite.

Quando ele encostou os lábios nos dela.

Quando o mundo sumiu e restou só aquela certeza devastadora:

Que ele nunca fora apenas o inimigo.

E talvez nem fosse inimigo algum.

O cheiro de café vindo d
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