O carro avançava pelas ruas vazias de Londres com suavidade, mas Helena sentia tudo dentro dela em convulsão.

O beijo ainda queimava na pele.

O gosto dele parecia preso à sua boca.

E por mais que tentasse se convencer de que aquilo era só um momento de fraqueza, sabia que não era.

Era a verdade que vinha tentando negar desde o primeiro olhar.

O motorista não disse nada.

Apenas seguia em silêncio, como se compreendesse que qualquer palavra seria um peso a mais.

Ela mantinha os olhos fixos na janela.

Mas não via nada além do instante em que Arthur a puxara para perto, como se fosse inevitável.

Porque era.

Quando o carro parou diante do prédio, Helena agradeceu com um aceno quase imperceptível.

Subiu as escadas devagar, cada degrau custando mais que deveria.

Ao entrar no flat, não acendeu nenhuma luz.

Deixou a clutch sobre a poltrona, tirou os sapatos e ficou ali, no meio da sala, sem saber para onde ir.

Por fim, sentou-se no sofá ainda com o vestido e o casaco e apoiou o rosto nas mãos.