O carro avançava devagar pelas ruas estreitas, mas Arthur não prestava atenção na cidade.
A cada quarteirão, sentia que o ar no peito ficava mais rarefeito.
O gosto do beijo ainda estava na sua boca.
O cheiro dela ainda impregnava as suas mãos.
E por mais que tentasse, não conseguia fingir que aquilo fora um erro.
Porque não era.
Talvez nada do que sentia por Helena fosse errado.
Talvez só tivesse chegado tarde demais para reconhecer.
Ele apoiou a nuca no encosto do banco, fechando os olhos.
A imagem dela voltou tão vívida que doeu:
O rosto corado pelo frio.
Os cílios úmidos.
O modo como a respiração dela falhou quando ele disse que não ia mais fingir.
Arthur nunca fora homem de se enganar sobre o que queria.
Aprendera cedo que a vida só respeitava quem não hesitava.
Mas nada no mundo o preparara para ela.
Para Helena.
Quando entrou na cobertura, não acendeu as luzes de imediato.
Largou as chaves sobre a mesa, o paletó sobre a cadeira.
Por um instante, ficou parado no escuro, respiran