Helena segurou a taça com força, tentando não deixar transparecer o que sentia.
O espumante subia ao nariz num cheiro fresco, mas tudo que ela percebia era o perfume dele — discreto, amadeirado, impossível de ignorar.
— Eu preciso… — começou, sem ter certeza do que diria.
— Não precisa nada — interrompeu Arthur, a voz baixa demais para qualquer um ouvir. — Só fica.
O jeito como ele disse aquilo — simples, direto — fez algo dentro dela fraquejar.
O mesmo algo que vinha resistindo desde o primeiro dia.
Ela desviou o olhar, mas não se mexeu.
Arthur também não.
Por um instante, o salão inteiro pareceu distante.
— Helena — ele disse, e o nome dela na voz dele foi quase um toque. — Não vou fingir que isso não está acontecendo.
Ela respirou fundo.
— Eu sei.
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que ela quase desejou que alguém se aproximasse.
Mas ninguém veio.
Era como se o universo inteiro conspirasse para deixá-los naquele limbo, presos entre a obrigação e o que não cabia mais dentro dos