No sábado de manhã, Helena acordou com a luz pálida filtrando pelas cortinas. Por um instante, esqueceu onde estava. O quarto parecia silencioso demais, como se a cidade inteira houvesse desaparecido durante a noite.
Quando a memória voltou, trouxe junto o peso do envelope trancado na estante, as últimas conversas com Arthur, o vazio que havia tomado o lugar da raiva.
Ela se virou na cama e puxou o cobertor até o queixo. Fechou os olhos, como se pudesse se esconder por mais alguns minutos.
Mas não conseguiu.
Levantou devagar e foi até a cozinha. Preparou café, torradas, cortou algumas fatias de maçã que acabou deixando intocadas no prato. O cheiro do café recém-passado misturava-se ao frio que se infiltrava pelas frestas da janela.
Era estranho ter tempo.
Estranho não precisar fingir produtividade ou eficiência.
E, ainda assim, sentia-se mais cansada do que em qualquer outro dia.
Pegou o celular e viu duas mensagens da mãe, ambas curtas e preocupadas.
“Filha, está tudo bem? Seu pai pe