Arthur estava sentado na poltrona de couro junto à estante, a penumbra da cobertura se misturando ao último azul da noite. O silêncio era tão absoluto que chegava a zumbir nos ouvidos, como um lembrete de que, mesmo com tudo, ele continuava só.
Tentara distrair a mente com relatórios. Passara horas conferindo cláusulas contratuais, revisando projeções financeiras, respondendo e-mails que não tinham urgência nenhuma. Mas nada bastava.
Porque, no fundo, havia apenas uma imagem fixa na cabeça: Helena, parada diante dele, a voz rouca quando confessara que não sabia como parar aquilo.
Arthur fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás. A confissão dela não saía da memória. Era como uma faísca que incendiava tudo, mesmo agora, com uma distância maior entre eles.
Ele tinha prometido a si mesmo que manteria as coisas profissionais. Sempre. Que não repetiria os erros do passado.
Mas aquela mulher tinha se infiltrado em cada fissura que ele julgava ter fechado para sempre.
Quando o celular vi