Acordei cedo, antes mesmo do primeiro sinal de movimento nos corredores. O sono tinha sido uma sombra rasa, interrompida pelas mesmas imagens que insistiam em voltar: os olhos dela, cravados em mim quando se ajoelhou, submissão forçada e, por trás dela, uma chama que não combinava com aquele corpo dobrado no chão. Não era desejo, não era piedade. Era um incômodo, e eu odiava ser incomodado.
Passei a mão pelo rosto, tentando afastar a lembrança. Por anos, construí a vida inteira sobre controle. Emoções eram armas que meus inimigos podiam usar, fraquezas que me recusei a carregar. Eu era o contrário de Alexei nesse ponto. Ele sempre teve mais fogo dentro de si. Um fogo que quase o matou, mas também o manteve vivo.
E pensar em Alexei agora me fez soltar um riso baixo, sem humor. Ele, meu irmão de guerra, que um dia eu julguei insano e irresponsável. Lembro da primeira vez que vi a forma como ele falava e olhava para Laura. Irracional, obcecado, completamente fora de si. Levou-a contra