Matheus Rocha estava prestes a se casar com o amor da sua vida, a primeira namorada. Carolina Almeida, que esteve ao lado dele por sete anos, não chorou nem fez escândalo. Pelo contrário, organizou pessoalmente para ele uma cerimônia grandiosa. No dia do grande evento, Carolina também vestiu um vestido de noiva. Na longa avenida enfeitada para a ocasião, duas limusines nupciais se cruzaram em sentido oposto. Quando as noivas trocaram os buquês, Matheus ouviu Carolina dizer em voz baixa: — Que você seja feliz. Ele correu atrás dela por dez quarteirões, até alcançar o carro em que Carolina estava. Segurando-a com força, chorou até perder a voz: — Carolina, você é minha. O homem que desceu do carro a puxou para o próprio abraço e respondeu com frieza: — Se ela é sua… Então, de quem eu sou?
Ler maisAtrás de Carolina estava a mesa de sobremesas. Não havia como se esquivar sem perder a compostura. Se tentasse se desviar bruscamente, derrubaria o bufê inteiro e se tornaria motivo de escárnio.Tatiane se atirou contra ela, soltando até um gritinho de surpresa. De imediato, todos os olhares se voltaram para a cena.Apesar de estar por cima de Carolina, não havia peso nem força real no gesto. Ela sabia que Tatiane apenas fingia, depois de fracassar tanto na ameaça quanto na súplica.— Tatiane, você realmente não tem vergonha. — Disse Carolina, com frieza.— O que eu posso fazer? Se você não colabora, só me resta isso. — Mesmo insultada, Tatiane manteve um sorriso satisfeito.Carolina empurrou-a com firmeza.— Você é como um chiclete grudado no sapato.— O que está acontecendo aqui? — Ana foi a primeira a se aproximar.Antes que Carolina abrisse a boca, Tatiane já se endireitava, massageando teatralmente a têmpora.— Perdão, Sra. Ana. Tive uma queda de pressão repentina. Ainda bem que a
Tatiane não ousava. Também não podia.Sabia muito bem por que estava ali naquela noite, mas Carolina a desestabilizava a tal ponto que, por um instante, perdera o controle.Respirou fundo, disfarçando a fúria e substituindo-a por um sorriso falso.— Sra. Carolina, o que está pensando? Só quis me aproximar um pouco, para que ninguém faça piada às nossas custas.Tocara em um ponto sensível. Aquelas damas elegantes que, à primeira vista, esbanjavam simpatia e polidez, eram as mesmas que, de costas, murmuravam e inventavam histórias. Para elas, duas mulheres ligadas ao mesmo homem forneciam combustível infinito para fofocas sem limites.Tatiane buscava uma saída honrosa para si, mas Carolina não lhe deu trégua. Sorriu com sarcasmo.— Sra. Tatiane, eu detesto que me toquem. Melhor manter distância.Naquela noite, Carolina parecia coberta de espinhos. Tatiane recolheu a mão, contrariada, e, para disfarçar o constrangimento, pegou uma fruta da bandeja. O azedo quase lhe fez perder os dentes.
Seguindo a indicação de Ana, Carolina avistou a mulher de quem a sogra falava: era Tatiane.As palavras de Ana a fizeram rir, e um calor suave tomou conta de seu coração.Na maioria das famílias, sogras guardavam ressentimento contra o passado das noras, principalmente quando envolvia ex-mulheres de seus filhos. Mas Ana era diferente. Não apenas não demonstrava incômodo, como ainda alertava Carolina a tomar cuidado com a esposa do seu ex.Ana puxou a mão da nora com leveza.— Essa mulher mal chegou e já faz de tudo para chamar atenção.O desprezo que sentia por Tatiane estava estampado em seu rosto.— Mamãe, eu sei. Pode ficar tranquila. — Respondeu Carolina, piscando o olho em tom brincalhão.— Se alguém ousar fazer algo contra você, venha direto a mim. Eu estarei sempre do seu lado, minha filha. — Disse Ana com firmeza.Carolina sentiu um vazio antigo dentro de si ser, de repente, preenchido por aquelas duas palavras tão naturais.— Vá aproveitar. Hoje tem muita coisa boa para comer.
— Jorge, o dinheiro tem dado para o mês? Logo cedo, na manhã seguinte, foi com essa pergunta que Roberto cumprimentou o funcionário.Jorge ficou sem reação. Ainda buscava uma resposta adequada quando Roberto continuou:— A partir deste mês, seu salário vai dobrar. Além disso, terá dez dias de férias remuneradas no fim do ano.“O quê?”Por um instante, Jorge achou que estivesse ouvindo coisas. Não tinha feito nada de especial, e, de repente, era atingido por uma fortuna inesperada.— O que foi? Acha pouco? — A voz calma de Roberto trouxe-o de volta à realidade.— Obrigado, Sr. Roberto. — respondeu rápido. Agradeceu, mas seguia confuso, sem entender por que recebera tamanha recompensa, como se tivesse tropeçado na sorte grande.— Não me agradeça. Se for agradecer alguém, agradeça a Carolina. — Explicou Roberto, deixando o mistério no ar.Jorge passou o dia inteiro tentando entender. Não se lembrava de ter feito nada por Sra. Carolina, mas se o patrão mandava agradecer, então assim faria
“Família Santos.O apartamento enorme em frente ao dela.E agora, essa casa com jardim.Será que Roberto queria me prender através de imóveis?”— Roberto, você não está esquecendo que temos apenas três meses de contrato? Já não falta nem isso. — Lembrou Carolina.Ainda meio sonolento, Roberto murmurou com preguiça:— Não são dois meses e doze dias?Ele lembrava da contagem melhor do que ela.— Já que você sabe, então por que tudo isso? O imóvel, desde o paisagismo do pátio até a decoração interna, havia sido feito exatamente de acordo com o gosto dela.Roberto até conhecia o tamanho exato das roupas que ela usava. Por isso, Carolina já não se surpreendia com o fato de ele saber todas as suas preferências.Mas o que ela apreciava não era necessariamente o que os outros valorizariam. Um dia, quando se separassem, a casa mudaria de dono. E reformar tudo de novo seria um trabalho enorme.Além disso, a insistência de Roberto a deixava inquieta. Enquanto ela pensava em como sair inteira daq
— Me leva para dar uma volta!Com uma frase, Roberto tirou Carolina da casa de repouso e a conduziu até a porta.O carro chamativo, aquele mesmo que Felipe havia elogiado, continuava estacionado ali com toda a imponência. Roberto passou o braço pela cintura de Carolina, lançou um olhar para o carro e depois para ela.— Eu disse que esse carro ainda não era perfeito para você, mas serve por enquanto. Depois escolhemos um melhor.“Era um presente para ela?!”Carolina não esperava por isso. Seu carro antigo, embora precisasse de reparos, ainda funcionava bem. Não havia necessidade de outro.Mas Roberto tinha trazido o carro até ali. Recusar seria perda de tempo. Além disso, tudo o que vinha da família Santos ela nunca aceitava de fato. Então, diante daquilo, mais um ou menos um não faria diferença.Quando a mente se abria, certas coisas se tornavam simples.Sem hesitar, Carolina estendeu a mão. Roberto colocou nela a chave elegante. Ela apertou o controle, abriu a porta e entrou.A sensaç
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