Tatiane não ousava. Também não podia.
Sabia muito bem por que estava ali naquela noite, mas Carolina a desestabilizava a tal ponto que, por um instante, perdera o controle.
Respirou fundo, disfarçando a fúria e substituindo-a por um sorriso falso.
— Sra. Carolina, o que está pensando? Só quis me aproximar um pouco, para que ninguém faça piada às nossas custas.
Tocara em um ponto sensível. Aquelas damas elegantes que, à primeira vista, esbanjavam simpatia e polidez, eram as mesmas que, de costas, murmuravam e inventavam histórias. Para elas, duas mulheres ligadas ao mesmo homem forneciam combustível infinito para fofocas sem limites.
Tatiane buscava uma saída honrosa para si, mas Carolina não lhe deu trégua. Sorriu com sarcasmo.
— Sra. Tatiane, eu detesto que me toquem. Melhor manter distância.
Naquela noite, Carolina parecia coberta de espinhos. Tatiane recolheu a mão, contrariada, e, para disfarçar o constrangimento, pegou uma fruta da bandeja. O azedo quase lhe fez perder os dentes.