Inicio / Romance / Casamos Com Outros… E Viramos Estranhos / Capítulo 7 Só posso salvar uma pessoa
Capítulo 7 Só posso salvar uma pessoa
Carolina teve sorte. Apesar da queda, não sofreu uma concussão.

Mas um galo enorme se formara na parte de trás da cabeça, fácil de sentir ao toque.

Segurando o local dolorido, ela saiu sem nem olhar por onde andava e acabou esbarrando de frente com alguém.

— Descul… — Interrompeu-se ao levantar os olhos e reconhecer aquele rosto familiar. — Senhor Roberto.

Ele vestia uma camisa de seda cinza-escura, fina e leve, e calças sob medida que se ajustavam perfeitamente ao corpo. Dos ombros ao peito e à cintura, tudo nele exalava elegância e precisão.

— Machucou-se? — Perguntou ele.

Roberto era alto, o topo da cabeça de Carolina mal chegava ao seu queixo. Ele havia notado o inchaço na cabeça dela.

— Não foi nada. — Respondeu, dando um passo para trás e se soltando do apoio dele.

Com naturalidade, ele enfiou as mãos nos bolsos e a fitou com aqueles olhos profundos e impenetráveis.

— Precisa de ajuda?

— Estou bem. — Repetiu Carolina. E, como se lembrasse de algo, acrescentou: — Parabéns pelo casamento, senhor Roberto.

O olhar dele deixou o machucado e pousou em seu rosto, passando por uma sombra quase imperceptível de significado.

— Igualmente. — Disse.

“Igualmente?”

O que havia para ela comemorar? Que fora abandonada? Que o homem a quem amara por sete anos iria se casar com outra?

Por outro lado… também era verdade: no mesmo dia, ela estaria se casando. De certo modo, podia até ser um “parabéns” mútuo.

Carolina lançou a ele um último olhar e se despediu antes de seguir seu caminho.

A queda lhe rendeu um benefício inesperado: uns dias de folga. Aproveitaria para organizar suas coisas.

O apartamento onde vivia ainda pertencia a Matheus. Três meses antes, eles ainda moravam juntos ali. Mas, depois que ele reatou com Tatiane, mudou-se para a Villa do Bosque e o lugar virou seu refúgio solitário.

Mesmo assim, o apartamento ainda carregava a presença dele. Havia sapatos de Matheus no armário da entrada, camisas dele penduradas no cabideiro, taças e garrafas favoritas no bar, e até a manta que ele usava quando dormia no sofá.

Em três meses, Carolina não tocara em nada disso, como se, mantendo tudo no lugar, ele pudesse voltar a qualquer momento.

Mas ela sabia: nem ele, nem aquelas coisas, voltariam para ela.

O que era dele, não mexeria. Mas o que era seu, estava decidida a arrumar. Começou a empacotar roupas, sapatos, produtos pessoais e até quadros e pequenos enfeites que pertenciam a ela.

Quando Matheus chegou, percebeu de imediato que havia algo diferente no apartamento.

Não soube, de primeira, dizer exatamente o que era.

Desde que estava com Tatiane, nunca mais pusera os pés ali e, de repente, o lugar lhe pareceu… Estranho.

Carolina não esperava que ele aparecesse.

— Senhor Matheus, aconteceu alguma coisa? Ou a senhorita Tatiane precisa de algo? — Perguntou.

Matheus fixou o olhar no rosto dela, pálido.

— Como está o machucado?

Naquele dia, quando ela se feriu na loja de vestidos, foi sozinha ao hospital.

Ele estava ocupado segurando Tatiane, porque Tatiane tinha ficado assustada.

— Não vou morrer. — Respondeu, com a voz ríspida.

Ela era humana, não de pedra. Mesmo que não esperasse compaixão ou pena dele, ainda tinha sentimentos.

Afinal, estivera com ele desde o zero até agora. Mesmo que não houvesse amor, havia o vínculo de quem lutou lado a lado. Mas, quando ela se machucou, ele a deixou ir sozinha ao hospital.

Matheus se aproximou e, de repente, puxou-a para dentro de seus braços. Levou a mão aos cabelos dela, afastando-os.

Quando os dedos dele tocaram o galo ainda inchado em sua cabeça, a dor fez Carolina recuar instintivamente. Ela o empurrou com força.

— Um galo desse tamanho… Por que não cuidou? — Ele tentou puxá-la de novo. — Venha comigo ao hospital.

Carolina recuou ainda mais.

— O médico disse que é sangue acumulado. Quer que eu vá ao hospital para me fazerem sangrar?

Era um hematoma, precisaria de tempo para o corpo absorver.

O olhar de Matheus escureceu com um traço de dor.

— Carol, hoje eu… Eu não deixei de te salvar de propósito. É que, no momento, só pude salvar uma pessoa…

“Só podia salvar uma.

E ele salvara aquela que mais amava.”

Dizem que a reação instintiva de uma pessoa revela o que está no coração.

Carolina sabia. Ele não precisava dizer mais nada, ela entendia.

— Ela é sua noiva. Eu entendo que você a tenha salvado. — Disse, baixando os olhos, que ainda assim se encheram de lágrimas que ela não conseguiu conter.

— Carol, eu… — Matheus começou, mas o toque do celular o interrompeu.

Ele conferiu o número e colocou o celular no modo silencioso.

— Carol, fica em casa e descansa. Os preparativos do casamento, deixa que outra pessoa resolve. Mas, na véspera e no próprio dia, quero você lá.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP