A Pistola

Rose caminhava para o toalete ao lado dela Frank a acompanhava, cada passo um peso no coração. Seu olhar faiscava de raiva e incredulidade.

"Como assim esse louco será meu cunhado? Ele vai destruir tudo! O casamento que minha mãe tanto sonhou para mim… Não foi nada fácil conquistar a confiança dos DeLuca, ainda mais com meu pai sempre em conflito com eles. E agora… esse homem… esse homem vai estragar tudo."

Enquanto seus pensamentos se atropelavam, Franck tomou-lhe a mão de repente. Antes que pudesse reagir, levou-a aos lábios e a beijou com insolência a mão de Rose, os olhos fixos nos dela.

— Solta minha mão! — Rose exigiu, a voz baixa, trêmula de indignação.

Mas ele não obedeceu. Ao contrário, a puxou contra a parede do corredor, aprisionando-a com seu corpo.

— Gostou da surpresa? — murmurou com aquele sorriso cruel e encantador.

— Não! — ela retrucou firme, o olhar faiscando. — Não gostei de ser sua cunhada!

O sorriso de Franck se alargou, sombrio.

— Você não é minha cunhada… porque você não vai casar com meu irmão.

— E por que você não me disse que é irmão do Martin? — perguntou, a voz embargada.

Ele aproximou ainda mais o rosto, tão perto que Rose sentia o hálito quente dele.

— Porque eu queria ver a surpresa nos seus olhos… queria ver você arder de raiva e desejo ao mesmo tempo. 

E riu

— Você não decide com quem eu vou casar! — Rose respondeu, com orgulho. — Se não der ser meu casamento com seu irmão, volto para o interior. Mas com você eu não fico!

Os olhos de Franck se estreitaram, e a voz dele veio carregada de perigo e fascínio:

— Você esqueceu o que eu faço com quem ousa me desobedecer? Eu vou te conquistar Rosalie.

Rose, firme, mesmo com o coração acelerado, encarou-o:

— Então vai ter que me matar.

Ele ficou em silêncio por um instante, olhando para ela como um predador contempla sua presa. Depois, mordeu os lábios, respirando fundo, e murmurou com uma intensidade ardente:

— Eu não quero te matar, Rosalie… Eu quero te possuir. Eu quero você inteira, até o último suspiro.

Rose engoliu seco, sentindo-se encurralada.

— Eu tô falando sério… — tentou reagir, com a voz embargada. — Se você não parar com isso, eu fujo…

Mas antes que pudesse terminar a frase, Franck colou sua boca na dela. O beijo foi avassalador, intenso, dominador. Rose tentou resistir, mas não havia como: o corpo dele a pressionava contra a parede, suas mãos firmes seguravam-na com força, e o coração dela batia descompassado, confundindo medo e desejo.

As mãos de Rose, trêmulas, se apoiaram contra o peito dele. Sentiu o calor que emanava por cima da camisa branca o ritmo acelerado do coração dele, como se pulsasse junto ao dela.

Quando Franck finalmente a soltou, Rose ofegava, sem fôlego.

— Franck… você tem que parar com isso… — murmurou, tentando se recompor.

Ele sorriu, com aquele olhar perigoso, quase apaixonado em sua obsessão.

— Eu sei que não está resistindo de verdade, Rosalie… você queima por mim, do mesmo jeito que eu queimo por você.

Rose, ficou corada entrou no toalete às pressas. Apoiada na pia respirando fundo para se recompor.

"Meu Deus… o que será de mim? O que eu faço? Como fugir desse homem que me queima por dentro e me assombra por fora?”

Rose recuperou o fôlego diante do espelho, ajeitou os seus cabelos escuros com as mãos trêmulas e respirou fundo. Saiu do toalete como se nada tivesse acontecido. O corredor estava vazio. Nenhum sinal de Franck.

" Será que finalmente me deixou em paz?" — pensou, tentando se convencer.

Entrou na sala, onde as mulheres conversavam animadamente. Valéria, com seu sorriso falso, ergueu as sobrancelhas.

— Está tudo bem, querida? — perguntou, fingindo uma preocupação que não existia.

— Sim… tudo ótimo. — respondeu Rose, sentando-se ao lado de Ana. Forçou um sorriso, fingindo interesse enquanto as duas falavam sem parar sobre flores, convites e joias para o casamento com Martin.

Logo, a porta do escritório se abriu. Antônio apareceu com um sorriso satisfeito.

— Vamos embora. Muito obrigado pela recepção!

Valéria, ávida em impressionar, levantou-se com pressa.

— Estava tudo maravilhoso, Lúcia, obrigada! — e acrescentou, bajuladora: — Logo marcamos um jantar em nossa casa.

— Claro, querida. Estamos ansiosos. — respondeu Lúcia, sempre elegante.

Rose levantou-se também.

— Obrigada, dona Lúcia. — disse educadamente.

Nesse instante, Franck surgiu do escritório. O Rose manteve o olhar discreto. Ele se despediu de todos com naturalidade, sorriso discreto no rosto. Mas, quando todos começaram a se aproximar da porta para a despedida, ele se moveu como uma sombra.

De repente, estava atrás dela. Sua voz baixa, grave, quase um sussurro, deslizou pelo ouvido de Rose, fazendo seu corpo estremecer:

— Devolve minha pistola… sua ladrazinha.

Rose congelou. O sangue sumiu do rosto. "A pistola! Meu Deus, eu tinha até esquecido disso…".

Tentando disfarçar, virou-se levemente para ele, os olhos arregalados.

— Eu… eu vou te devolver. — sussurrou com a voz trêmula.

Franck sorriu de canto, aquele sorriso perigoso que misturava ameaça e desejo.

— Melhor pra você, Rosalie. Não gosto de ser enganado. — disse, os olhos cravados nos dela, deixando claro que não estava brincando.

Antes que Rose pudesse responder, Lúcia se aproximou, interrompendo aquele instante carregado de tensão.

Rose imediatamente se afastou, com o coração descompassado, e caminhou até o carro. Entrou apressada, sentindo o olhar de Franck queimando suas costas.

De dentro do carro, já com a família acomodada, arriscou um último olhar pela janela. Lá estava ele, parado na entrada da mansão, observando-a com um meio sorriso. Não parecia apenas uma despedida. Parecia uma promessa.

No carro, Antônio falava satisfeito, sem perceber o vazio no olhar da filha.

— Ótimos negócios vamos fazer, Rosalie. Você se casando com Martin, os DeLuca nos abrirão portas na Alemanha. Já têm planos para vocês lá.

Rose respirou fundo, a voz presa na garganta.

— Está ótimo, papai… — respondeu, quase automática, como se repetisse uma frase ensaiada.

Ao chegar em casa, subiu apressada as escadas, pedindo refúgio. Seu quarto era o único lugar onde podia se esconder daquela pressão esmagadora. Trocou o vestido por uma camisola de seda e deitou-se na cama, encolhendo-se como se quisesse desaparecer de tudo.

"Se eu nunca tivesse conhecido Franck… tudo estaria seguindo conforme o plano. O casamento, a Alemanha, a vida que minha mãe sonhou para mim…".

Mas a lembrança dele voltava como fogo. O peso de seu corpo, o calor de seus lábios, a força de suas mãos. Lembrou-se de cada beijo — áspero, urgente, proibido — e seu corpo estremecia contra a sua própria vontade.

"Por que penso nele? Por que desejo quem mais me assusta?"

As lágrimas queimavam seus olhos, mas junto delas vinha uma onda de desejo que a confundia ainda mais. Franck era perigo, mas também era vida. Era medo… e era paixão.

Virou-se na cama, inquieta, buscando uma posição em que pudesse esquecer. Mas era impossível. Sentia ainda o gosto dele em seus lábios, o cheiro amadeirado preso em sua pele.

De repente, como uma navalha fria, lembrou-se da pistola.

"Meu Deus… eu ainda tenho a arma dele. O que Franck vai fazer comigo?"

Abraçou o travesseiro como se pudesse se esconder no silêncio da madrugada.

O coração só desacelerou quando o cansaço venceu o turbilhão de emoções. E, sem perceber, adormeceu entre lágrimas e lembranças de beijos proibidos.

Quando abriu os olhos, a luz do dia já entrava pela janela. Uma nova manhã.

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