Arthur
Não havia descansado no fim de semana. O corpo podia até ter tentado enganar a mente, mas a cabeça estava ocupada demais com planilhas, contratos e reuniões que se acumulavam como nuvens negras no horizonte. Cada vez que fechava os olhos, via números, previsões e decisões que precisavam ser tomadas.
O telefone vibrou na mesa. Mensagem curta da minha mãe:
"Arthur, ainda esperando definição sobre as filiais. O nome Vasconcelos precisa ser reconhecido. Sem desculpas."
Suspirei, passando a mão pelo cabelo. Isabel nunca descansava. Para ela, a vida se resumia a controle, expansão e prestígio. Cada palavra era uma cobrança silenciosa, mas pesada, que parecia esmagar meu peito.
O toque de outro telefone me trouxe o pai, desta vez uma ligação rápida:
— Filho, só quero saber se está se alimentando direito… e se não está se matando de trabalho. — A voz doce, quase trêmula, carregava preocupação genuína, contraste com o peso da mãe.
— Estou bem, pai. — Respondi, mantendo o tom firme. — Só