Helena
Saí de casa tropeçando no próprio salto, a bolsa caindo do ombro e os relatórios meio amassados debaixo do braço.
— Mãe, tô atrasada! — gritei da porta, tentando prender o cabelo com uma mão enquanto a outra agarrava as chaves.
— Leva um casaco! — ouvi a voz de Lúcia, aflita como sempre.
— Casaco? Tá quase trinta graus, mãe! — resmunguei, mas antes que ela pudesse retrucar, a voz firme da vovó Célia cortou:
— Então leva um juízo, que tá faltando mais que o casaco. —
Não consegui conter o riso. Dei um beijo rápido nas duas, quase batendo a testa na vovó quando me abaixei. — Amo vocês! Não briguem na minha ausência! — e saí correndo, quase deixando o celular em cima da mesa.
O trânsito foi um caos, claro, e cheguei no escritório com o coração na boca. Mal joguei a bolsa na cadeira quando vi o que me esperava.
Um buquê enorme de lírios brancos. Elegante, chamativo… e sem remetente.
Pisquei, tentando processar. — Que…? — toquei as flores, procurando um cartão, qualquer pista. Nada.