A manhã estava fria, com aquele silêncio pesado que só quem precisa tomar decisões importantes conhece. Eu olhei para Aurora, ainda dormindo no berço, e senti o aperto no peito que vinha acompanhado de alívio e medo ao mesmo tempo.
Arthur entrou na cozinha, o cabelo bagunçado, o olhar ainda carregado de preocupação. Segurava uma xícara de café como se precisasse de coragem para começar o dia.
— Helena… você já tomou café?
Respirei fundo, tentando manter a calma. — Arthur, não é sobre café. Eu… preciso falar sobre a gente. Sobre mim.
Ele franziu a testa, sentando-se à mesa. — Sobre você? Sobre o que?
— Eu decidi que vou sair daqui — disse, firme, mas sem raiva. — Não por você, não por raiva… mas porque eu preciso de espaço pra recomeçar, pra entender minha vida, minha rotina… minha filha.
Arthur engoliu seco, os olhos escurecendo por um instante. — Sair? Mas… a casa é nossa. A Aurora precisa de nós.
— Eu sei — respondi, a voz embargando. — E ela vai ter você, mas eu preciso do