Os primeiros dias na mansão foram sufocantes. Cada olhar dos empregados parecia um julgamento silencioso. Eles se curvavam, sorriam educadamente, mas eu sentia — não pertencíamos ao mesmo mundo. E por mais que tentasse agir naturalmente, eu sabia: eles me viam como intrusa.
Arthur não facilitava. Sentou-se comigo no escritório, uma pasta nas mãos, e começou a falar como se estivesse em uma reunião de negócios.
— Aqui as coisas funcionam com ordem. Horários de refeições são pontuais, jantares formais exigem sua presença. Não espere nada de mim além do que está no contrato.
Fechei os braços, encarei ele com o que me restava de orgulho.
— Ótimo. Porque esperar alguma coisa de você nunca esteve nos meus planos.
A sobrancelha dele arqueou devagar, e por um instante o ar pareceu mais pesado. Arthur inclinou-se um pouco sobre a mesa, os olhos escuros fixos nos meus, como se tivesse acabado de descobrir um segredo perigoso.
— Você não faz ideia do que acontece comigo quando fala desse jeito