Amara
Acordei antes que o sol subisse. O céu ainda estava violeta, e o ar parecia vibrar. Por um momento, achei que tudo o que tinha vivido era sonho, o ritual, a luz, o beijo que me queimou por dentro. Mas bastou inspirar para sentir.
O pulso de Damian batia dentro de mim.
Era como se houvesse um segundo coração dentro do peito, acompanhando o ritmo do dele. Cada emoção dele me alcançava em ondas, calor, ansiedade, desejo. Toquei o próprio peito e senti o eco dele responder à distância. A ligação estava viva.
Quando levantei, Mirella já me esperava na varanda, envolta num manto claro. Ela me olhou com aquele ar de quem entende tudo antes que alguém pergunte.
— A marca brilhou a noite inteira — disse. — O círculo aceitou vocês. Agora os canais prateados estão abertos.
— Canais? — perguntei.
— Entre vocês. Se um sangrar, o outro sente. Se um vencer, o outro respira alívio. É a dádiva e a prisão do vínculo.
Olhei para as minhas mãos. Fios finos e prateados corriam sob a pele, como se mi