Damian
Eu ainda não acredito que a tenho.
Às vezes acordo no meio da madrugada e fico só olhando para Amara dormindo, a respiração leve roçando minha clavícula. O lobo silencia quando ela está assim. Ele ruge por um herdeiro, impaciente, antigo, certeiro, mas eu seguro a rédea.
— Ainda não — falo para dentro. — Não com o mau rondando a nossa porta.
Mesmo assim, eu coleciono tudo o que posso dela… os sorrisos tortos, a teimosia bonita, as mãos que me encontram como se sempre soubessem onde estou. E quando ela tenta fugir de mim com aquele olhar de quem diz “agora não”, o vínculo responde primeiro, queimando por baixo da pele, virando o “não” num “vem” que se solta da boca dela em segundos.
Aconteceu no escritório, tarde da noite. Ela entrou com um arquivo de segurança e disse:
— Você precisa assinar.
— Assino. — Puxei-a pela cintura. — Depois.
— Damian…
— Depois — repeti, e o beijo matou qualquer argumento.
As janelas mostravam a cidade como um mar de luzes, meu corpo lembrava o caminh