Há doze anos, a última ômega foi declarada morta, e seu companheiro de alma, um jovem alfa, foi forçado a crescer sem ela. Kael Thorne carrega um nome que não quer. Um destino que não escolheu, um juramento de vingança e uma alma quebrada, mas a chegada de uma estranha começa a despertar algo adormecido. Mas e se sua companheira não estiver morta? E se ela estiver viva... mas não se lembrar dele?
Ler maisKAEL
10 anos de idade.
Eu estava ganhando. Faltava pouco para derrotar o último chefe da gangue de motoqueiros e conquistar o troféu que meu primo disse que eu nunca conseguiria.
Mas então… a dor veio.Forte.
Aguda. Bem no meio do peito. Como se alguém tivesse enfiado a mão dentro de mim e puxado alguma coisa que não devia, como o meu coração.— Ai… — levei a mão ao peito, confuso. O controle caiu no chão. A imagem na TV virou uma explosão sem graça, turva e confusa.
A porta se abriu com um estalo.
Dorian entrou.— Kael… — a voz dele não soava como sempre. Não havia zombaria, nem risos escondidos, mas ele hesitou por um segundo e me olhou com uma expressão estranha.
— Que foi? — perguntei, tentando ignorar o nó que começava a se formar na minha garganta.Ele hesitou um segunda vez. Pela primeira vez, meu primo não parecia tão cheio de si.
— É sobre a Elara…Meu estômago virou, de repente, me senti nervoso. Pulei para fora do sofá e dei dois passos para perto dele.
— O quê? O que aconteceu com ela? — Houve um ataque… Ela… Ela morreu.Pisquei. Uma, duas vezes. A dor aumentou. A cabeça girou.
— Mente pra outro, Dorian. — levantei bruscamente. — Isso é mais uma das suas histórias idiotas? Não tem a menor graça. Você sabe que ela é minha companheira e ...
Ele não respondeu.
— Por que você está olhando para o chão? Olhe para mim. — empurrei seu peito com força. — Ela não morreu. Ela não pode ter morrido! Pare de mentir.Dorian recuou, mas seus olhos estavam cheios de alguma coisa estranha. Pena? Medo?
Foi então que meu tio apareceu na porta. Atrás dele, o vovô.
Nenhum dos dois disse nada. Só me olharam.E foi aí que entendi.
Meus joelhos cederam. O choro veio sem aviso, cortando meu peito como faca.
Corri.
Desci as escadas sem ouvir os gritos atrás de mim. Passei pela rua, descalço, ignorando o frio, ignorando tudo. Corri até o fim da rua. Até a casa dela. A casa da Alara. Minha companheira.
Estava cheia de carros da polícia. Luzes vermelhas e azuis piscando como um pesadelo. A casa estava arruinada,com fogo escapando pelas janelas. A fumaça atingiu meus pulmões quando cheguei perto o suficiente, alguém gritou para que eu me afastasse, mas ignorei, olhando para cima, para a janela do quarto dela.
—Lá. — apontei. —Você precisa ir até lá resgatar uma garotinha, ali é onde ela dorme.
O policial me olhou com a testa franzida, depois desviou os olhos para seu colega que estava ao seu lado e suspirou.
— O que está esperando? Você precisa ir e pegá-la. — comecei a gritar com ambos, agindo como um pirralho mimado que Dorian dizia que eu era.
— É o garoto Thorne.— outro policial falou logo atrás de mim. — Vou ligar para o avô dele.
Bati o pé na calçada. Eles não estão me ouvindo?
— Minha companheira está lá, se você não está indo e fazendo seu trabalho, então me eu vou.
— Espere, garoto. — mãos agarraram meus braços. O policial, ele me segurou enquanto seu amigo mexia no celular. Comecei a gritar, falar palavras que meu avô condenaria, mas as boas maneiras não importam nesses momentos. Eu só quero vê-la.
— Elara! — gritei, uma e outra vez, até não aguentar mais. Meu avô chegou em algum momento durante meu ataque de pânico, porque os braços do policial se foram e os dele tomaram o lugar.
— Está tudo bem, Kael. Tudo vai ficar bem.
— Vovô, eu preciso salvá-la. Deixe-me ir. Eu preciso ir…
— Sinto muito, garoto. Sinto muito.
— Por favor, vovô.
— Ela se foi, garoto. Ela se foi.
Minhas pernas cederam e caí de joelhos, na grama do jardim da casa em chamas dela.
— Vocês não podem ficar aqui. — um dos policiais, não, um bombeiro. A roupa dele era a de bombeiro, disse e apertou meu ombro.
Eu não conseguia parar de chorar. Primeiro, meus pais e agora, minha companheira. Amaldiçoado.
Ela não estava mais ali. Ela não estava mais em lugar nenhum.
E uma parte de mim… também tinha ido embora.
MADISSON— O que você tá fazendo aqui? — minha irmã perguntou, a testa franzida, os olhos varrendo meu look como se minha existência desarranjasse o feng shui da festa.Antes que eu respondesse, Kael virou a cabeça em direção a ela, os olhos se estreitando como lâminas douradas.— Vocês não vieram juntas? — ele perguntou, com a voz baixa, mas firme. Havia algo em sua expressão... algo entre confusão e incômodo.Gwen encolheu os ombros, levantando a taça com uma risada forçada.— Eu não sabia que ela queria vir — disse, dando um gole no champagne. — Ela não mostrou nenhum interesse. Tipo, nenhum mesmo.Minha so
MADISSONGwen tinha saído na frente com Helene, as duas parecendo modelos saídas direto de um comercial de tequila barata. O vestido preto da minha irmã deixava pouco, na real, quase nada, para imaginação, e Helene não ficava muito atrás, toda brilhante, parecendo uma bola de discoteca com pernas.O mais estranho era o jeito como andavam. Rindo alto demais, tropeçando nos próprios saltos como se o chão fosse feito de travesseiros. Chapadas. Essa era a palavra. Mas Gwen não usava essas porcarias. Ela era mais do tipo “vinho roubado do armário da mamãe”. Não era de se entupir de coisa estranha. Pelo menos... não antes.Essa indiferença dela, essa pose de que estava tudo bem... aquilo me irritava. E, talvez por isso, quando fiquei
MADISSONMeus olhos estavam estreitos no rosto dele, analisando o que diabos ele acabou de dizer.— O que você quer dizer?Kael Thorne revirou os olhos, o que me fez estremecer. —Volte um segundo, você quase pareceu humano agora.Ele me olhou e sorriu, como um sorriso rela, mas maldoso.— Talvez eu não seja um.Dei uma risadinha curta, sem humor, e puxei a sacola das mãos dele.— Bem... se o cara rico quer gastar dinheiro me comprando comida, quem sou eu para recusar, né? Mas pode ficar com o café. — Balancei a sacola de leve. — Só não vem depois jogar na minha cara ou cobrar alguma coisa em troca. Lembre-se que é você quem está oferecendo.Ele limpou a garganta e desviou os olhos por um segundo, parecendo estranhamente envergonhado.Tomou um gole do café com mais pressa do que estilo.— Do que diabos você tá falando? — perguntou, franzindo a testa.Revirei os olhos com a força de quem já estava de saco cheio da própria existência.— Nada. Só vai logo antes que sua noiva receba uma f
MADISSONA luz da manhã entrava pelas janelas da cozinha, espalhando um brilho amarelado sobre a mesa. O cheiro de café recém-passado se misturava ao som da torradeira estalando no fundo, e minha mãe cantarolava alguma música velha dos anos 90.Mas não estávamos.Não quando Gwen e eu mal trocávamos olhares.Sentei à mesa com um prato de ovos mexidos na frente, mas não tinha fome. O garfo ia e vinha, só para espalhar a comida de um lado para o outro, criando montinhos desconexos. Um reflexo do caos dentro de mim.Fazia uma semana. Uma semana engolindo palavras, prendendo a respiração e mordendo a língua a cada vez que minha irmã fingia que nada havia acontecido.
MADISSONMal Kael saiu, duas garotas apareceram na porta do ginásio, cochichando e rindo baixinho. Reconheci logo que eram amigas da Harper, as mesmas que passam o tempo todo tentando bajulando sua abelha rainha. Elas me olharam com olhos acusatórios, como se eu fosse a culpada por algo que nem entendia direito. Fofocavam sobre Kael, jogando palavras que eu não consegui decifrar pelo tom baixo, mas que carregavam um tom de julgamento.Fiquei confusa quando uma delas me chamou da palavra com p, meu corpo ainda formigando pelo que acabara de acontecer. Decidi que não valia a pena responder. Ignorei as duas, peguei minhas coisas com pressa, guardei a barra de granola no bolso da mochila, algo que não queria que ninguém visse, e saí.No banheiro, tomei um banho rápido para tentar lavar aquela sensação estranha que me envolvia. Troquei de roupa, colocando algo confortável para as aulas que viriam. Meu pensamento não saía de Kael, daquela barra e da revelação inesperada.Durante o interval
MADISSON— Você não precisa esperar por mim, tá? Eu vou ficar treinando mais um pouco. Quero estar em forma para o próximo jogo do time.— Chegando perto da entrada da faculdade, virei para Gwen e disse, tentando soar mais tranquila do que me sentia.Gwen sorriu, dessa vez um sorriso genuíno, com aquele brilho nos olhos que me fazia duvidar que ela estivesse completamente à vontade, mas talvez fosse só paranoia minha.— Você não precisa ficar melhor, Maddy. Você já é ótima.Ela falou aquilo com uma convicção que parecia sincera, e mesmo assim, me senti um pouco mais sozinha no banco do passageiro.— Obrigada, Gwen — respondi, forçando um s
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