Mundo ficciónIniciar sesiónEle pensou que sua ômega estava morta. Então prestes a se vincular a sua companheira substituta, conhece Madisson Allen, uma humana que o deixa obcecado. E se sua companheira estiver viva... mas não se lembrar dele?
Leer másKAEL
10 anos de idade.
Eu estava ganhando. Faltava pouco para derrotar o último chefe da gangue de motoqueiros e conquistar o troféu que meu primo disse que eu nunca conseguiria.
Mas então… a dor veio.Forte.
Aguda. Bem no meio do peito. Como se alguém tivesse enfiado a mão dentro de mim e puxado alguma coisa que não devia, como o meu coração.— Ai… — levei a mão ao peito, confuso. O controle caiu no chão. A imagem na TV virou uma explosão sem graça, turva e confusa.
A porta se abriu com um estalo.
Dorian entrou.— Kael… — a voz dele não soava como sempre. Não havia zombaria, nem risos escondidos, mas ele hesitou por um segundo e me olhou com uma expressão estranha.
— Que foi? — perguntei, tentando ignorar o nó que começava a se formar na minha garganta.Ele hesitou um segunda vez. Pela primeira vez, meu primo não parecia tão cheio de si.
— É sobre a Elara…Meu estômago virou, de repente, me senti nervoso. Pulei para fora do sofá e dei dois passos para perto dele.
— O quê? O que aconteceu com ela? — Houve um ataque… Ela… Ela morreu.Pisquei. Uma, duas vezes. A dor aumentou. A cabeça girou.
— Mente pra outro, Dorian. — levantei bruscamente. — Isso é mais uma das suas histórias idiotas? Não tem a menor graça. Você sabe que ela é minha companheira e ...
Ele não respondeu.
— Por que você está olhando para o chão? Olhe para mim. — empurrei seu peito com força. — Ela não morreu. Ela não pode ter morrido! Pare de mentir.Dorian recuou, mas seus olhos estavam cheios de alguma coisa estranha. Pena? Medo?
Foi então que meu tio apareceu na porta. Atrás dele, o vovô.
Nenhum dos dois disse nada. Só me olharam.E foi aí que entendi.
Meus joelhos cederam. O choro veio sem aviso, cortando meu peito como faca.
Corri.
Desci as escadas sem ouvir os gritos atrás de mim. Passei pela rua, descalço, ignorando o frio, ignorando tudo. Corri até o fim da rua. Até a casa dela. A casa da Alara. Minha companheira.
Estava cheia de carros da polícia. Luzes vermelhas e azuis piscando como um pesadelo. A casa estava arruinada,com fogo escapando pelas janelas. A fumaça atingiu meus pulmões quando cheguei perto o suficiente, alguém gritou para que eu me afastasse, mas ignorei, olhando para cima, para a janela do quarto dela.
—Lá. — apontei. —Você precisa ir até lá resgatar uma garotinha, ali é onde ela dorme.
O policial me olhou com a testa franzida, depois desviou os olhos para seu colega que estava ao seu lado e suspirou.
— O que está esperando? Você precisa ir e pegá-la. — comecei a gritar com ambos, agindo como um pirralho mimado que Dorian dizia que eu era.
— É o garoto Thorne.— outro policial falou logo atrás de mim. — Vou ligar para o avô dele.
Bati o pé na calçada. Eles não estão me ouvindo?
— Minha companheira está lá, se você não está indo e fazendo seu trabalho, então me eu vou.
— Espere, garoto. — mãos agarraram meus braços. O policial, ele me segurou enquanto seu amigo mexia no celular. Comecei a gritar, falar palavras que meu avô condenaria, mas as boas maneiras não importam nesses momentos. Eu só quero vê-la.
— Elara! — gritei, uma e outra vez, até não aguentar mais. Meu avô chegou em algum momento durante meu ataque de pânico, porque os braços do policial se foram e os dele tomaram o lugar.
— Está tudo bem, Kael. Tudo vai ficar bem.
— Vovô, eu preciso salvá-la. Deixe-me ir. Eu preciso ir…
— Sinto muito, garoto. Sinto muito.
— Por favor, vovô.
— Ela se foi, garoto. Ela se foi.
Minhas pernas cederam e caí de joelhos, na grama do jardim da casa em chamas dela.
— Vocês não podem ficar aqui. — um dos policiais, não, um bombeiro. A roupa dele era a de bombeiro, disse e apertou meu ombro.
Eu não conseguia parar de chorar. Primeiro, meus pais e agora, minha companheira. Amaldiçoado.
Ela não estava mais ali. Ela não estava mais em lugar nenhum.
E uma parte de mim… também tinha ido embora.
KAELO som do meu punho batendo na parede ecoa pelo apartamento.Mais uma vez.O reboco cede, a pele rasga, mas a dor é melhor do que o vazio que ficou depois do que ouvi.Ezra a levou.Eles deixaram ele levar.Porra.Respiro fundo, mas o ar entra pesado, amargo.Desde que saí da casa do meu avô, só consigo ver o rosto dela, os olhos assustados, o cheiro dela ainda preso na minha pele.Madisson.Minha libélula.Quis ir atrás dele, seguir o instinto e arrancar cada pedaço da verdade, mas não sei nem por
KAELO escritório do meu avô é minha nova prisão. As paredes são de um verde escuro, a cor de folhas antigas que já perderam o brilho. Há livros alinhados com precisão quase militar, e, entre eles, uma fileira de miniaturas de avião. A poltrona onde estou é funda e confortável, feita de couro preto, frio ao toque.O peso do corpo afunda no assento, mas nada me relaxa. O que pulsa dentro de mim não é calma, é instinto. Selvagem, faminto, inquieto. As mãos tremem, mesmo com as ataduras brancas que cobrem parte dos punhos.Feridas de luta.Eu devia tê-la resgatado.Era o plano.Mas quando ela se ajoelhou… quando Madisson cedeu à minha voz, à minha ordem, como uma boa ômega submissa, algo dentro de mim quebrou. Nunca me senti tão poderoso e obcecado.O som do coração dela misturado ao meu, o olhar, o cheiro…E então o caos.Eles disseram que eu ataquei primeiro, que perdi o controle. Que foi preciso usarem tranquilizantes. E ainda assim, lembro do gosto metálico, do grito de um dos guard
MADISSON— Ainda estamos no laboratório? Meu pai sabe que estou sendo mantida aqui por você? — pergunto, a voz rouca, o corpo ainda pesado. — Eu cumpri o que pediram, Ezra. Fiz tudo o que vocês mandaram. Quero ver minha mãe e minha irmã.Por um instante, ele para e me observa com a testa franzida, como se cada palavra minha fosse uma ameaça.Depois, um sorriso lento se desenha em seu rosto.— Sua mãe e sua irmã não são importantes agora.— O quê? — o som sai antes do pensamento. — Claro que são! Elas... elas não têm nada a ver com isso.Ele se aproxima um passo.O olhar é o mesmo que eu lembrava das aulas, concentrado, analítico, mas agora há outra coisa ali. Algo que brilha fundo, doentio.— Elas não são ômegas. Todos os testes e estímulos foram negativos. — O tom é quase de piedade. — Você não entende, Madisson. Você é diferente. Especial. Um ômega de verdade.O coração aperta, uma mistura de medo e incredulidade.— Isso não faz o menor sentido. — digo, tentando manter a voz firme.
MADISSONO ar cheira a poeira e metal.Esse é o meu primeiro pensamento assim que abro os olhos devagar, e o mundo vem em fragmentos. Primeiro, a luz fraca que mal revela o teto rachado, então o zumbido distante que parece atravessar meu crânio e aumentar minha dor de cabeça.Demoro alguns segundos para entender que estou deitada.O corpo dói. Não é uma dor comum, é como se cada osso tivesse sido desmontado e recolocado às pressas, fora de ordem.Tento me mover, apenas para constatar que meu tornozelo está preso a uma corrente conectada a parede.Que diabos! O lugar é amplo, mas claustrofóbico. O chão é de pedra fria, o teto de ferro, com tubulações visíveis, como uma fábrica abandonada. Existem estruturas de vidro, ou algo parecido com vidro dispostas em linha, como câmaras. Dentro delas, há camas, correntes presas nas paredes, cabos que descem do teto.Tudo está vazio.Tento me levantar novamente, mas o corpo pesa e me sinto fraca.Sinto o chão sob os pés descalços, gelado, e uma p
MADISSONO gosto metálico estava ali de novo.Eu já devia ter me acostumado, mas cada colherada deixava minha língua dormente, como se houvesse cinzas na comida.Desde que me trouxeram para esse lugar, eles me observam comer. Às vezes, um deles até anota algo, como se eu fosse um experimento que podia fugir a qualquer momento.Eles acham que eu não percebo, as pequenas mudanças de cor na sopa, o cheiro doce demais na água.Mas eu percebo.Percebo tudo.Da primeira vez, só me senti tonta.Na segunda, meu corpo reagiu de um jeito estranho, meus sentidos ficaram aguçados, a pele quente demais, o coração batendo fora de ritmo.Agora, é diferente.Eles aumentaram a dose.Sinto o calor nas veias, como se minha pele tivesse sido acesa por dentro. Cada respiração traz um gosto de ferro e algo mais… familiar.O tipo de familiar que me deixa em pânico.Nos últimos testes, consegui manter a cabeça erguida, mesmo tremendo por dentro.Mas agora… agora meu corpo parece ter vontade própria.Tento le
KAEL Eu respirei fundo, tentando conter o tremor nas mãos. Mas a dúvida já estava lá, plantada como veneno.Ela tinha reagido à voz de Dorian. Mas não se curvado. Ela resistira. E quando o vínculo tentou puxar, quando meu peito doeu, quando o cheiro dela invadiu meu corpo mesmo à distância…Um pensamento atravessou minha mente, selvagem e impossível.E se ela resistiu… porque já era minha?O pensamento permaneceu por quase um minuto inteiro, queimando minha mente, insistente. Ela… minha ômega?Não. Não podia ser. Minha verdadeira companheira estava morta. A única que jamais teria me deixado em dúvida. Mesmo que Madisson fosse uma ômega, era impossível que ela fosse minha. Eu não a havia marcado. Achava que ela era humana. Merda! Não podia. Não tinha como.Todos os olhos na sala estavam agora fixos em mim. Todos chegando a mesma conclusão que Ezra.— Você a marcou, filho? — A voz do meu avô era firme, carregada de expectativa.— Não. — A palavra saiu sem pensar, antes de decidi
Último capítulo