Nas Garras de um Alfa Bilionário

Nas Garras de um Alfa BilionárioPT

Lobisomem
Última atualização: 2025-12-11
Tainá Costa   Atualizado agora
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Índice

Depois de perder os pais em um acidente estranho demais para ser apenas má sorte, Madson Granger decide recomeçar sua vida na pequena e pacífica cidade de Nelson, no Canadá. Lá, sob o teto acolhedor de sua tia Agnes, ela tenta juntar os pedaços, sem imaginar que carrega dentro de si uma magia antiga, feroz e completamente adormecida. Em busca de renda e fuga dos próprios pensamentos, Madson aceita uma vaga de babá na mansão Thane, propriedade de um homem tão bonito quanto irritantemente mandão: Wallace Thane, bilionário, proprietário de uma rede de hotéis e líder de uma alcateia, algo que ela definitivamente não adivinharia nem em sonhos. O que Madson não sabe é que Nelson não é apenas uma cidadezinha escondida nas montanhas. É um território de lobos. E todos ali, inclusive aquele chefe insuportavelmente intenso, parecem saber de algo sobre ela… menos ela mesma. Enquanto tenta lidar com o temperamento bruto do alfa que insiste em vigiá-la de perto, Madson começa a ter visões, pesadelos e sensações estranhas que não fazem sentido nenhum. Algo dentro dela está despertando. Algo que não deveria. E Wallace sente que há algo errado. O cheiro dela não se encaixa, o destino dela o provoca, e seu lobo rosna por uma mulher que deveria ser apenas a babá do seu filho. Mas quando uma profecia esquecida volta à tona, Madson descobre que seus pais foram mortos por um motivo terrível, que sua tia guarda mais segredos do que ela podia imaginar… E que ela é o centro de um destino capaz de salvar ou destruir todos os mundos sobrenaturais. Entre magia proibida, laços destinados e um desejo impossível de ignorar, o encontro dos dois pode criar a criatura mais poderosa que o mundo já viu… ou abrir as portas para a ruína final.

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Capítulo 1

Capítulo 01

Madson Granger

Boston, EUA

O gosto amargo da cerveja deslizou pela minha garganta como se fosse areia. Eu virei a garrafa inteira em um único gole, sentindo o estômago revirar e a cabeça latejar de novo — aquela dor constante, afiada, que parecia cravar pequenos punhais atrás dos meus olhos. À minha frente, o cara com quem eu tinha acabado de transar vestia a camiseta amarrotada, sem pressa, como se estivesse no próprio quarto.

Tom tragou o cigarro com a tranquilidade de alguém que nunca teve um problema real na vida. A fumaça se espalhou pelo ambiente, misturando-se ao cheiro de álcool, suor e pizza velha que impregnava meu apartamento. Eu não sabia se era a nicotina ou a ressaca que piorava minha dor de cabeça, mas a verdade é que tudo doía — por dentro e por fora.

— Tô indo pra uma festa da universidade, quer ir? — ele perguntou, pegando a garrafa vazia da minha mão e bebendo o resto do que tinha sobrado nela, como se fosse dele.

Tirei a garrafa de volta com um puxão irritado. Ele riu, achando graça, como se eu fosse mais uma diversão temporária.

— Não. Tenho coisas a fazer — menti, sem esforço.

A única coisa que eu realmente queria fazer era me jogar na cama, apagar por umas três horas e torcer pra acordar sem a sensação de que meu cérebro estava se partindo ao meio. Tom deu de ombros, lançou um “Até logo”, e saiu batendo a porta sem nem olhar pra trás.

Quando fiquei sozinha, a casa pareceu encolher — como se as paredes carregassem a memória de todas as minhas escolhas ruins. Respirei fundo e tentei encontrar força para levantar do sofá afundado, cuja espuma já escapava por uma das laterais. A brisa fria da noite entrava pela janela aberta, trazendo um arrepio que percorreu meus braços. Era quase reconfortante… quase.

Peguei uma camisa masculina jogada no chão, sem a menor ideia de quem era o dono, e vesti. A barra caía até o meio das minhas coxas, e tinha cheiro de perfume barato misturado com cigarro. Uma lembrança viva de mais uma noite vazia.

Me aproximei da janela e olhei para a lua, enorme, cheia, brilhante — e, de alguma forma, inquietante. Parecia me observar com um interesse que eu não merecia.

— Vai me dizer que até você está me julgando agora? — murmurei.

Uma brisa fria soprou direto no meu rosto, como resposta.

Fechei os olhos por um instante, e a lembrança apareceu sem pedir permissão: minha mãe cantando para a lua. Canções antigas, melodias que ela dizia terem sido dadas pela própria Hécate. Uma deusa da noite, da magia, da transformação. “Uma mulher poderosa”, minha mãe dizia. “A protetora das que andam entre luz e sombra.”

Eu achava tudo aquilo bobagem. Superstições bonitas, no máximo. Mas a forma como a voz dela ecoava pela casa… eu sentia falta. Uma falta tão profunda que chegava a doer.

Senti o peito apertar. Senti falta dos risos do meu pai quando ela o repreendia por cantar errado. Senti falta das viagens, das conversas longas na cozinha, do cheiro de chá de camomila que ela preparava quando eu ficava nervosa. Senti falta de tudo.

Uma lágrima solitária desceu pelo meu rosto antes que eu percebesse.

E, então… veio a dor.

Uma pontada tão forte que minhas pernas quase cederam. Agarrei o parapeito da janela com força, como se aquilo pudesse impedir minha cabeça de rachar em dois. Era uma dor aguda, profunda, como se algo dentro de mim estivesse se soltando, se quebrando, se rompendo.

— Inferno! — sibilei, derrubando a garrafa vazia no chão, onde se juntou a outras duas, criando um pequeno campo minado de vidro sujo.

Eu já tinha ido a médicos, psicólogos, psiquiatras. Tinha tomado remédios para ansiedade, para depressão, para enxaqueca, para o que quer que os idiotas achassem que eu tinha. Nenhum deles funcionou. E eu me perguntava… talvez não fosse algo físico. Talvez fosse castigo. Talvez o universo estivesse me punindo por tudo o que fiz — ou deixei de fazer — desde que meus pais morreram.

Talvez eu merecesse a dor.

A dor começou a diminuir lentamente, deixando atrás um zumbido incômodo nos meus ouvidos. Respirei fundo, tentando me recompor, quando o toque do celular cortou o silêncio.

O som parecia alto demais. Agudo demais. Irritante demais.

Trôpego, caminhei entre garrafas, roupas jogadas, uma pilha de pratos sujos e o que restava de uma pizza de ontem que eu nem lembrava de ter pedido. O quarto estava pior — cama desarrumada, travesseiros no chão, cortinas tortas, maquiagem espalhada pela penteadeira, lembranças de noites que eu preferia esquecer. Minha vida inteira parecia uma versão externa da bagunça interna que eu ignorava todos os dias.

Peguei o celular na mesa de cabeceira. Quando o nome apareceu na tela, algo quente percorreu meu peito.

Tia Agnes.

Atendi imediatamente.

— Alô?

— Mads, meu amor! — a voz dela veio como um abraço. — Que saudade de ouvir sua voz. Como estão as coisas por aí?

— Bem, tia. — menti. — E por aí?

Minha tia era a única coisa viva que me restava da minha mãe. Mesmo morando a mais de quarenta horas de distância, ela sempre me fez sentir como se ainda houvesse algo familiar no mundo. Agnes morava em Nelson, uma cidadezinha minúscula no Canadá, daquelas que parecem existir só em filme. Eu nunca tinha ido — minha mãe evitava o Canadá como se tivesse medo de olhar pra trás.

— Bom… — ela começou, com um tom mais sério que o habitual — era isso que eu queria conversar.

Meu coração apertou.

— Semana que vem farei uma cirurgia no fêmur. Escorreguei na escada e só agora descobri que o osso trincou.

— Misericórdia, tia! — minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. — Você tá bem?

— Vou ficar — ela respondeu, calma como sempre. — É uma cirurgia simples, mas o médico quer que eu fique duas semanas em repouso total. E, como você sabe, eu não tive filhos… nem um marido inútil para mandar fazer as coisas por mim…

Ela riu, e mesmo assim algo no meu peito se apertou.

Eu sabia exatamente o que vinha a seguir.

— Então, meu amor… — ela continuou — queria saber se você poderia vir pra cá por alguns dias. Só até eu me recuperar. Seria uma ajuda enorme.

Meu coração começou a bater rápido, tão rápido que eu senti o sangue pulsando nas têmporas. Andei pelo quarto, pisando em roupas, desviando de garrafas, como se o movimento pudesse organizar meus pensamentos. Pensei em dizer não, em inventar uma desculpa, em fugir como sempre fiz.

Mas algo dentro de mim — algo quieto, profundo e estranho — me fez parar.

Eu não tinha ajudado meus pais quando eles precisaram.

Eu não os salvei.

Eu falhei com eles.

Eu não podia falhar com Agnes também.

Talvez… talvez essa fosse minha chance de fazer alguma coisa certa pela primeira vez em dois anos.

Respirei fundo, sentindo o ar entrar pesado e sair mais leve.

— Tudo bem, tia — falei, firme. — Eu vou. Eu te ajudo.

O silêncio do outro lado foi breve, mas cheio de emoção.

— Obrigada, minha menina… — ela murmurou. — Você vai fazer bem pra mim. E… eu tenho a sensação de que esse lugar também vai fazer bem pra você.

Eu não sabia o quanto isso era verdade.

Nem o quanto minha vida estava prestes a mudar.

Mas, ali, naquele quarto bagunçado, suja de maquiagem borrada e restos de escolhas ruins, eu senti algo que não sentia há muito tempo.

Um sopro de ar.

Um início.

Uma chance.

E eu aceitei.

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