Sean Black, um CEO com fama de conquistador e com um passado que o assombra, se vê obcecado pela reservada e inteligente Alexandra, uma especialista em comércio exterior com uma força interior discreta. Enquanto uma proposta em Paris surge, um encontro casual revela uma tensão mútua que os leva a um caso secreto e intenso.
Ler maisA sala de reuniões no trigésimo andar espelhava a cidade de Itajaí ao entardecer. Do alto, as luzes dos prédios e postes começavam a cintilar, fincando-se na paisagem como estrelas cadentes sobre a vasta imensidão escura do mar. Sean Black, aos seus trinta anos – com a juventude ainda aparente em sua energia, mas uma seriedade que lhe adicionava maturidade além da idade –, presidia a mesa oval com a imponente estatura de quase dois metros e uma aura de comando que parecia natural. Seu corpo era atlético, não exageradamente forte, mas com uma forma provocativa que transparecia mesmo sob o corte impecável de seu terno de alta costura. Seus cabelos, negros e densos, eram penteados para trás, revelando uma testa marcada por linhas finas que talvez denunciassem a intensidade de seus pensamentos. A barba bem feita contornava um rosto de traços marcantes. Seus olhos escuros, geralmente penetrantes e calculistas nos negócios, focados em números e estratégias, agora carregavam um brilho diferente – suave, quase sonhador, mas com uma profundidade que poucos ousavam desvendar. Sua mente, porém, estava distante dos relatórios financeiros e das projeções de lucro da multinacional, fixada em uma única pessoa que compartilhava aquele mesmo espaço de poder e vidro.
“Alexandra.”
Ela trabalhava ali, especialista em comércio exterior, navegando os complexos fluxos do mercado global com uma inteligência afiada. Alexandra Jones, com seus vinte e sete anos, 1,70 metros de altura, possuía uma presença que se destacava sem buscar o centro das atenções. Seus traços latinos e caucasianos combinavam-se em um rosto que irradiava uma beleza sutil, mas marcante. Seus cabelos ruivos, ondulados e densos, emolduravam seu rosto e caíam em cascata sobre os ombros, capturando a luz dourada do entardecer e refletindo nuances avermelhadas. Seus olhos castanhos, com um brilho que parecia mudar com a luz e o humor, eram intensos e expressivos, capazes de comunicar mais do que palavras jamais poderiam, guardando segredos que apenas um olhar atento poderia tentar desvendar. Ela possuía um corpo sensual, com curvas que insinuavam feminilidade sem nunca resvalar na vulgaridade, e lábios carnudos que, mesmo em silêncio, pareciam sussurrar promessas e mistérios.
Sean a observava discretamente durante a reunião, fingindo atenção aos dados apresentados, mas absorvendo cada detalhe dela. A forma como ela apresentava seus dados, com uma confiança tranquila que vinha de dominar seu campo. O leve vinco que surgia entre as sobrancelhas quando se concentrava. O sutil sorriso que brotava em seus lábios quando satisfeita com um resultado bem defendido. Cada um desses pequenos gestos era gravado em sua mente com uma precisão obsessiva.
Para o mundo corporativo, Sean Black era um CEO implacável, focado no controle e no lucro. Mas em seu íntimo, longe da fachada de aço, Alexandra era sua obsessão silenciosa, sua maior ficção de amor. Ele não conseguia desviar o pensamento dela, cada ação, cada expressão era minuciosamente analisada e interpretada através das lentes de seu desejo. Ele acreditava em um amor recíproco, construindo em seus pensamentos um romance idealizado com a imagem que ele moldava dela, ignorando (ou reinterpretando) qualquer sinal que contradissesse sua fantasia. Essa obsessão não era apenas um sentimento; era uma força motriz que moldava sua percepção da realidade, levando-o a criar cenários em sua mente, antecipando reações e planejando encontros que existiam apenas em seu mundo interno.
As noites de Sean eram povoadas por esses encontros imaginários com Alexandra, conversas sussurradas, juras de amor feitas em cenários perfeitos que ele criava detalhadamente. Mas a realidade, a presença física e profissional de Alexandra no seu dia a dia no escritório, por vezes o confrontava, gerando uma mistura de desejo intenso e frustração. A mulher real era mais complexa, mais reservada, menos... controlável do que a Alexandra de suas fantasias. Ele a recriava constantemente em seus pensamentos, moldando-a à imagem de seus anseios mais profundos, uma tela em branco onde ele projetava seus desejos, suas próprias "verdadeiras ilusões".
Alexandra, por sua vez, mantinha uma postura impecável – profissional, reservada, irradiando uma determinação silenciosa e uma resiliência que a tornava forte. Seu olhar transmitia inteligência e foco, mas havia também uma sutileza, um enigma fascinante que Sean ansiava por desvendar. Alex irradiava mistério e complexidade, uma mulher de múltiplas camadas que raramente revelava tudo de si, com sentimentos que transpareciam em seu olhar intenso e expressivo mais do que em suas palavras. Ela era uma força em seu próprio direito, uma mulher que parecia alheia (ou deliberadamente alheia) à intensidade do olhar que Sean frequentemente lhe dirigia, transitando com naturalidade entre o mistério que a envolvia e uma sedução sutil e inteligente. Sua presença no ambiente de trabalho era marcante, não apenas por sua beleza, mas pela inteligência afiada e pela forma como conduzia suas responsabilidades com confiança e profissionalismo. Era uma força a ser reconhecida, uma mulher que sabia o que queria e não tinha medo de lutar por isso, mantendo um certo distanciamento que só aumentava o desejo de Sean de desvendá-la.
No silêncio de sua mente complexa, Sean sentia que a linha entre a verdade (a Alexandra real, a profissional competente) e a ficção (a Alexandra de suas fantasias, a amante perfeita) se tornava cada vez mais tênue. Alexandra era sua obsessão, sua maior ficção de amor, um desejo que o consumia até os ossos, impulsionado por uma paixão que perigosamente se misturava com a busca pela confirmação de seus próprios desejos. E naquele entardecer em Itajaí, enquanto a cidade se iluminava sob o céu do crepúsculo, a história deles, tecida entre a realidade e a fantasia, a obsessão e a busca por algo mais, estava prestes a se desenrolar, puxando-os para um caminho imprevisível.
Ele a avista perto da máquina de café, absorta em seus pensamentos, com uma pasta de documentos em mãos. Ele se aproxima com um sorriso charmoso.
Sean: Alexandra, tudo bem? Parece pensativa.
Alexandra se sobressalta levemente, um brilho de surpresa em seus olhos castanhos avermelhados. Ela esboça um sorriso profissional.
Alexandra: Ah, Sean. Tudo bem, sim. Apenas revisando alguns detalhes para amanhã.
Sean: Importante como sempre. Estava pensando... depois do trabalho, talvez pudéssemos...
Ele hesita por um instante, calculando a melhor abordagem.
Sean: ...discutir aquele relatório de projeções com mais calma? Num lugar mais... inspirador?
Enquanto Sean fala, Alexandra internamente está em conflito. Ela sente uma inegável atração por Sean. Há algo em sua presença, em seu poder, que a atrai. Mas a reputação dele precede seus encontros. Nos corredores e nas rodas de conversa informais, Sean é visto como um homem que coleciona conquistas, tanto nos negócios quanto em relacionamentos passageiros. Alexandra construiu sua carreira com dedicação e esforço, e não está disposta a arriscar sua ascensão profissional por uma "aventura" com o CEO.
Alexandra (com um sorriso educado, mas um tanto distante): Obrigada, Sean, mas acho que consigo finalizar tudo por aqui hoje. Tenho alguns compromissos depois do trabalho.
Ela evita o contato visual por um momento, pegando um café rapidamente.
Sean (em sua mente): Compromissos? Claro... está apenas se fazendo de difícil. Ela quer que eu insista.
Ele mantém o sorriso, mas seus olhos brilham com uma intensidade que Alexandra, mesmo distraída, percebe sutilmente.
Sean: Entendo. Mas quem sabe em outro momento? Adoraria trocar ideias com você fora do ambiente formal.
Alexandra: Quem sabe. Tenha uma boa noite, Sean.
Ela se afasta, deixando Sean parado perto da máquina de café. Em sua mente, ele já está reconstruindo a cena, interpretando a hesitação de Alexandra como um sinal de interesse reprimido. Ele tem certeza de que ela está apenas jogando, testando sua persistência.
Alexandra, enquanto caminha para sua mesa, suspira levemente. Ela sente o olhar de Sean em suas costas e uma ponta de frustração a invade. A proposta de trabalho que recebeu de uma consultoria internacional renomada ainda ecoa em sua mente. Seria uma oportunidade incrível para sua carreira, mas a ideia de deixar Itajaí, de se afastar da presença magnética (mesmo que problemática) de Sean, gera um nó em seu peito. Ela rechaça esse pensamento imediatamente. Sua carreira vem em primeiro lugar. Sean é apenas uma distração, um homem charmoso com uma reputação duvidosa. Ela precisa focar em seus objetivos e não se deixar levar por sentimentos que podem comprometer tudo o que ela construiu.
Os quinze dias em Paris selaram um novo pacto entre Sean e Alexandra. A verdade havia lavado as sombras, e o amor que floresceu era forte e resiliente. Eles voltaram para Itajaí, prontos para construir uma vida juntos, passo a passo, com honestidade e entrega. Alexandra reassumiu seu lugar na empresa, recebida com alegria pelos amigos, e uma nova energia parecia circular pelos corredores com o retorno dela. Sean liderava com uma nova perspectiva, a frieza de outrora substituída por uma empatia genuína que surpreendia alguns e conquistava outros. Publicamente, mantinham uma postura profissional impecável, ele o CEO respeitado, ela a especialista valorizada. Mas por trás das portas de vidro e das reuniões formais, existia um universo secreto construído de olhares cúmplices trocados do outro lado da sala de reunião, de sorrisos que só eles entendiam.As escapadinhas escondidas se tornaram pequenas joias no dia a dia. Um beijo roubado na copa vazia durante uma pausa para o café, a urgênci
Em silêncio, quebrados apenas pelos olhares que se encontravam e se perdiam, eles caminharam juntos pelas ruas charmosas do Marais até o apartamento de Alexandra. A atmosfera ali era diferente do escritório, da cobertura fria de Sean. Havia livros empilhados, quadros coloridos nas paredes, um aconchego que refletia a alma de Alexandra.Ela o convidou para entrar com um gesto suave, e o silêncio que se seguiu não era mais de tensão, mas de uma expectativa carregada de emoção e muitas saudades. Alexandra se virou para Sean, seus olhos marejados brilhando à luz suave da luminária.Alexandra: Eu... eu senti sua falta, Sean. Mais do que eu queria e consigo admitir.As palavras saíram como um sussurro, carregadas de todo o turbilhão de sentimentos que a haviam atormentado em Paris. A saudade o havia corroído por dentro, a lembrança de seus toques, de seu cheiro, de seu sorriso.Sean deu um passo à frente, hesitante, e levou a mão ao rosto dela, acariciando sua bochecha com ternura.Sean: Eu
Uma luz dourada banhava os Jardins de Luxemburgo quando Alexandra, vestindo um vestido de lã azul marinho elegante e um casaco cor de creme, encontrou Sean perto da Fonte de Médicis. Ele estava diferente. Seus ombros pareciam menos tensos, e havia uma serenidade em seus olhos que ela nunca havia visto antes. Ele usava um sobretudo cinza escuro sobre uma camisa azul clara e calças de sarja, uma elegância discreta que contrastava com a ostentação de seus trajes de CEO em Itajaí.Ao vê-la, um sorriso genuíno iluminou seu rosto, um sorriso que não carregava a sombra da manipulação. Sua postura era respeitosa, mantendo uma distância que demonstrava sua intenção de não a pressionar.Sean: Alexandra. É bom te ver.Sua voz era calma, sem a urgência possessiva de antes.Alexandra: Sean. O que você está fazendo aqui?Sean: Eu disse que teria 15 dias. E eu precisava vir. Precisava te dizer tudo, sem filtros, sem jogos.Ele deu um passo à frente, o olhar fixo no dela, transmitindo uma sinceridade
Com o coração apertado, Alexandra embarcou no avião rumo a Paris, levando consigo a certeza de um amor profundo e a dor de uma despedida incerta. O tic-tac dos ponteiros agora marcava a distância entre eles, um oceano de esperança e incerteza. O futuro era uma tela em branco, e apenas o tempo diria se seus caminhos voltariam a se cruzar.Sean observou o avião de Alexandra ganhar os céus, um ponto brilhante que logo se perdeu entre as nuvens. Um vazio imenso se instalou em seu peito, uma dor diferente da angústia da obsessão. Era a dor da perda real, a consciência de que suas ações a haviam afastado.De volta à sua cobertura, o silêncio era ensurdecedor. As paredes pareciam ecoar as fantasias que ele havia construído por tanto tempo. Em sua mente, as cenas de Alexandra pintavam as paredes de preto, as imagens distorcidas de um desejo egoísta. Ele olhou para o céu, onde o avião de Alexandra já era apenas uma lembrança, imaginando-a em outro céu, em outra realidade.Naquela noite, Sean p
A quinta-feira chegou, e com ela a certeza inabalável de Alexandra de que Paris era o caminho certo. As malas estavam prontas, a passagem confirmada para a manhã seguinte. Ela havia se despedido de Camila, passando uma tarde agradável com sua fiel amiga, e com um abraço apertado e lágrimas nos olhos dando um breve "até logo minha amiga". A decisão estava tomada.Naquela mesma tarde, Camila, preocupada com a situação e percebendo a angústia silenciosa de Sean, decidiu fazer uma ligação.Camila: Sean, sou eu, Camila. Preciso te dizer uma coisa. A Alexandra... ela vai embora amanhã. O voo dela para Paris é pela manhã, saindo do aeroporto internacional.O silêncio do outro lado da linha pesou.Sean: Obrigado por me dizer, Camila.A sexta-feira amanheceu fria e nublada. Alexandra estava no saguão do aeroporto, com suas malas ao lado, esperando o embarque para Paris. Seu rosto estava sereno, mas por dentro seus sentimentos estavam em ebulição. A razão lhe dizia que ir embora era o certo, qu
Pouco depois, Bruno se aproximou de Alexandra e Sean, a respiração ainda um pouco ofegante, alívio evidente em seu rosto. "Vocês estão bem?", perguntou, sua voz cheia de preocupação genuína.Alexandra assentiu, incapaz de falar, ainda em choque, mas sentindo-se segura e ancorada nos braços de Sean. O terror em seus olhos começava lentamente a dar lugar a uma exaustão avassaladora. Naquele momento, a ameaça direta de Samantha havia sido neutralizada. O final para ela, naquele instante, era a custódia policial e a dura realidade de que necessitava de ajuda profissional urgente para a sua mente quebrada. O suspense, que pairou sobre a vida de Alexandra, havia chegado ao seu ápice com a sua vida sendo salva por um triz. Mas as cicatrizes daquela experiência, tanto físicas (a marca no pescoço) quanto emocionais (o terror vivido, a quebra da confiança), levariam tempo para cicatrizar. O futuro de Alexandra e Sean, marcado pelas mentiras, pela obsessão e pela brutalidade desse momento, ainda
Último capítulo