Amélia
O vento cortava as ruas de Moscou com uma frieza amarga quando Amélia entrou no saguão do hotel Ritz-Carlton, acompanhada de Laís e dois seguranças de Maxin. Os saltos batiam firmes no mármore, e seu casaco de lã creme contrastava com o escuro da recepção. Mas o que mais chamava atenção não era sua beleza jovem — era o fogo no olhar.
Amélia pediu para sua amiga esperar na recepção do hotel, ela precisava fazer isso sozinha, Amélia tinha que enfrentar aquela mulher cara a cara.
Ela já não era a órfã assustada que entrou no reformatório aos quinze anos. Não era mais a garçonete perdida em um país estrangeiro. Agora, era a noiva de Maxin Sokolov, mesmo que tivesse que encarar o passado com os olhos, ela o faria de frente.
Laís parou antes de entrar no elevador.
— Você tem certeza que quer fazer isso?
Amélia assentiu.
— Tenho. Preciso olhar nos olhos dela. Preciso deixar claro que eu não sou um erro.
— Tenho que fazer isso sozinha, Amélia fala deixando amiga para trás.
Kat