O enquanto

Maxin Sokolov

O calor úmido do Brasil era sufocante, diferente do frio cortante de Moscou. Maxin Sokolov desceu do jato particular vestindo um terno escuro, óculos escuros e a expressão habitual: sombria, letal. Seus homens, três deles armados e silenciosos, o acompanhavam como sombras fiéis. Estavam há dias investigando, cruzando pistas de uma mulher que poderia ser sua ex-esposa. Supostos nomes, endereços duvidosos, boatos. Nada sólido.

Ele estava ficando impaciente.

No hotel cinco estrelas onde se hospedou, Maxin repassou as informações entregues por seus contatos: uma mulher estrangeira, aparência semelhante à de Katharine, fora vista em um restaurante sofisticado no centro da cidade. A mesma aura refinada, mesma postura recatada… Era fraco, mas era o suficiente para ele ir até lá pessoalmente.

Naquela noite, o restaurante Casa Aram estava movimentado.

Clientes importantes conversavam em vozes baixas, garçons deslizavam entre as mesas com passos ensaiados. Entre eles, Amélia. Ela estava nervosa, como sempre, tentando não derrubar nada, não esbarrar em ninguém. A rotina ainda era nova, cansativa — mas estava determinada a fazer dar certo. Quando ela ajeitava as taças de uma das mesas, sentiu um calafrio inexplicável.

Foi quando ele entrou.

Maxin atravessou a porta como se o restaurante fosse dele. Seus olhos percorreram o ambiente como uma arma mirando. E então… congelou.

No fundo do salão, uma jovem se movia entre as mesas, equilibrando uma bandeja com taças e talheres. Maxin parou de respirar. A imagem dela o atingiu como um soco no estômago.

Katharine.

O rosto, a postura, o andar... Era ela. Com um detalhe diferente: os cabelos castanhos, não loiros. E os olhos — escuros, não verdes. Mas o resto? Idêntico. Como uma maldita ilusão feita de carne e osso.

Sem pensar, começou a andar em direção à jovem. As batidas do coração ecoavam em seus ouvidos como tambores de guerra. Era ela. Só podia ser. A mente gritava contradições — ela parecia muito nova, muito frágil. Mas os traços estavam ali. A curva da boca. A maneira de franzir a testa.

Amélia sentiu alguém se aproximando por trás, mas quando se virou, foi tarde demais.

Maxin agarrou seu braço com força.

— Katharine?! — disse entre dentes, com os olhos em chamas.

Amélia arregalou os olhos, sem entender.

— Me… me solta! — gritou, assustada.

Ele se aproximou ainda mais, apertando o braço dela, os olhos vidrados no rosto da garçonete. Estava cego pela obsessão, incapaz de enxergar a verdade. A semelhança era um golpe cruel do destino — ou uma brincadeira suja do universo.

— Por que fugiu de novo? Quem é você agora, hein?! Elisa? Marina? Que nome está usando agora?! — cuspiu as palavras com raiva.

Amélia tentou se soltar, em pânico.

— Eu não sei do que o senhor está falando! Me larga!

Outros clientes começaram a notar a cena. Laís, que servia na outra ponta do salão, correu para perto. Mas antes que qualquer ajuda chegasse, Amélia reagiu do único jeito que sua adrenalina permitiu.

Ela ergueu a bandeja que segurava e, num movimento instintivo, acertou com força a cabeça de Maxin Sokolov.

O som metálico do impacto ecoou pelo salão. O mafioso cambaleou um passo para trás, surpreso, com a testa sangrando. O silêncio caiu sobre o restaurante como uma cortina pesada.

Os seguranças que acompanhavam Maxin se aproximaram rapidamente, prontos para agir. Um deles sacou discretamente uma arma sob o paletó. Mas Maxin levantou uma mão, interrompendo qualquer tentativa de reação. O olhar dele, fixo em Amélia, agora era uma mistura estranha de choque, dor e… curiosidade.

Ela ofegava, trêmula, os olhos marejados.

— Eu não sou essa mulher! Eu nunca vi o senhor na vida! — gritou, recuando.

Maxin a observou mais atentamente. A respiração acelerada. A voz juvenil. As mãos finas, suadas. A expressão sincera de puro terror. E então, como se uma nuvem densa se dissipasse de sua mente, a verdade caiu sobre ele.

Ela não era Katharine.

Muito jovem. Não mais do que dezoito. E com traços diferentes quando vistos de perto. Mas era… idêntica. Tão parecida que doía.

— Leve-o embora agora! — gritou a gerente, correndo em direção à confusão.

— Saia daqui! A gente vai chamar a polícia! — ameaçou um dos garçons mais velhos, segurando um telefone.

Maxin ergueu as mãos, recuando lentamente, ainda hipnotizado pela imagem da garota. Um sorriso torto surgiu em seus lábios, mesmo com o sangue escorrendo pela têmpora.

— Incrível… — murmurou, com o olhar preso em Amélia. — Não é ela… mas é como se fosse.

Os seguranças o puxaram discretamente para fora antes que a situação saísse do controle. Maxin saiu andando devagar, como se estivesse saindo de um sonho estranho e violento.

Amélia caiu sentada no chão, tremendo, enquanto Laís a abraçava.

— O que foi isso, meu Deus?! — sussurrou a amiga. — Quem era aquele maluco?

Amélia não conseguiu responder. Ainda via os olhos cinzentos dele em sua mente, como garras atravessando a alma. Nunca tinha visto um homem como aquele. E torcia para nunca mais ver.

Mas o destino, como sempre, tinha outros planos.

Do lado de fora, dentro do carro, Maxin limpava o sangue com um lenço.

— Quero o nome completo dela. Documentos. Tudo. — disse aos seus homens. — Descubram quem é. Onde nasceu. Se tem parentes. Se tem ligação com Katharine. Se for só coincidência… ainda assim, quero saber tudo.

— E o que pretende fazer? — perguntou Nikolai, o braço direito.

Maxin sorriu, frio.

— Se o destino me jogou uma cópia da mulher que me destruiu... talvez seja hora de reescrever essa história. À minha maneira.

O que maxin sentiu foi um desafio, ninguém nunca tinha tido coragem de enfrentar desse jeito que essa garota enfrentou, ela era jovem e Valente isso fez ele fica ainda mais interessado nela.

Mas ele vai descobrir que não é fácil controlar essa garota rebelde e com um passado Sombrio, nenhum dor se compara a dor que ela viveu.

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