Maxin Sokolov
Maxin Sokolov nunca conheceu a paz. Aos trinta e oito anos, já havia matado mais homens do que conseguia contar — e não demonstrava qualquer arrependimento. Era o atual chefe da máfia russa, um império construído sobre sangue, extorsão e medo. Quando entrava em um ambiente, o ar mudava. O silêncio se instalava como se até o tempo soubesse que estava diante de um predador. Maxin era frio, calculista, estrategista. Seu rosto esculpido, com o maxilar marcado, olhos cinzentos e penetrantes, era o de um homem que já viu o inferno — e sobreviveu. As tatuagens espalhadas pelos braços e peito contavam histórias que poucos ousavam perguntar. A cicatriz que cruzava sua sobrancelha esquerda era o lembrete constante de um passado que ele preferia esmagar do que lembrar. Mas havia um nome que nunca conseguia apagar da memória: Katharine. Dez anos atrás, ele era outro homem. --- A Rússia de uma década atrás era um lugar cruel, mas Maxin era apenas o irmão mais novo de Alexei Sokolov, o então líder da máfia. Enquanto o irmão comandava os negócios com mãos de ferro, Maxin era conhecido por sua lealdade e brutalidade quando necessário — mas também por sua paixão intensa por uma mulher que virou sua ruína: Katharine. Ela apareceu como um raio de luz em meio à escuridão. Cabelos dourados, olhos verdes, sorriso encantador. Uma americana perdida em Moscou, envolvida com arte e cultura, completamente oposta ao mundo que Maxin conhecia. Mas ele se apaixonou como um animal faminto que encontra abrigo. Contra tudo e todos, a trouxe para seu mundo. Fez dela sua esposa. Sua rainha. E ela o traiu. --- A noite em que descobriu a traição foi o início do monstro. Alexei havia sido assassinado por um grupo rival. Maxin teve que assumir a liderança de forma repentina, mergulhado em luto e caos. No meio do velório do irmão, enquanto jurava vingança, recebeu uma ligação anônima. A voz disse apenas uma frase: — Ela fugiu com outro homem. No início, não acreditou. Achou que era uma armadilha, um blefe. Mas quando chegou em casa, Katharine não estava mais lá. Roupas desaparecidas. Documentos sumidos. As joias herdadas da mãe dele, levadas. E o mais cruel: a carta. > “Maxin, eu precisava sair. Precisava viver. Não suporto mais a violência. Amo você, mas não posso mais viver entre cadáveres e ameaças. Perdoe-me.” Ele não perdoou. Na mesma noite, matou o informante que lhe entregou a notícia. Depois mandou incendiar o apartamento onde moraram juntos, como se tentasse queimar as lembranças. A dor se transformou em ódio. O amor, em obsessão. Desde então, Maxin Sokolov se tornou mais impiedoso do que qualquer outro líder que Moscou já conheceu. --- Hoje, o nome Sokolov era temido em três continentes. Tráfico de armas, extorsão, cassinos ilegais, lavagem de dinheiro. Sua influência atravessava fronteiras, comprava governos e calava juízes. Homens com famílias desapareciam sem deixar vestígios. Mulheres eram vendidas como mercadoria. Tudo sob suas ordens. Mas, por trás de cada crime cometido, havia uma motivação maior que poder: vingança. Maxin procurava Katharine há dez anos. Mandou rastrear voos, refazer rotas, subornar autoridades, e vasculhar passaportes falsos. Contratou especialistas em rastreamento humano, espiões, hackers. Mas ela era um fantasma. Desaparecera do mapa. Mudara de nome, aparência, país. E isso apenas aumentava a obsessão dele. A cada mulher que se parecia com ela, Maxin parava. Estudava. E quando percebia que não era sua ex-esposa, matava o impulso com a mesma frieza com que esmagava um inseto. Nenhuma delas era Katharine. Nenhuma tinha aquele olhar que um dia o fez acreditar que ele também podia ser amado. --- Naquela noite, Maxin estava no topo de um prédio antigo de Moscou, em seu escritório particular. A cidade se estendia abaixo, iluminada, gelada, indiferente. Seus dedos tamborilavam o braço da poltrona enquanto um de seus homens, Nikolai, entrava apressado. — Senhor Sokolov — disse o subordinado, um pouco ofegante. — Recebemos um novo relatório da França. A Interpol está investigando um caso de identidade falsa. A mulher corresponde com 85% às características da Senhora Katharine. Nome atual: Elisa Byrne. Maxin se levantou devagar. Os olhos brilharam com uma intensidade cruel. — Onde ela está? — Parece que não está mais na França. A última localização é confusa. Há rumores de que tenha fugido novamente. Mas… um contato nosso jura que a viu embarcar para a América do Sul. Talvez Brasil. — Brasil… — Maxin murmurou, caminhando até a janela. O silêncio se prolongou, até que ele virou-se de volta. — Quero toda a rede mobilizada. Quero cada cidade rastreada. Quero que olhem hospitais, clínicas, escolas, bordéis, hotéis. Se ela estiver viva… eu a encontrarei. — E quando o senhor a encontrar? — Nikolai ousou perguntar. Maxin sorriu de um jeito amargo, cruel. — Eu vou olhar nos olhos dela… e mostrar que não se trai um Sokolov. Ela me destruiu, Nikolai. Agora, é a vez dela de ser despedaçada. — Prepare tudo Nikolai, iremos para o Brasil, mande nossos homens revirar aquele país de cabeça para baixo, vou pegar aquela mulher e faz ela se arrepender de ter cruzado meu caminho, dez anos, dez malditos anos procurando aquela desgraçada e finalmente vou encontrá-la. Ele fala por entre os dentes. --- Enquanto as ordens se espalhavam por redes subterrâneas e mercenários despertavam em diferentes partes do mundo, Maxin servia-se de vodca pura. Não sentia mais o sabor. Não sentia nada. Só o vazio da ausência dela… e o fogo da vingança. Era tarde demais para perdão. Tarde demais para amor. Katharine tinha feito dele o que ele era hoje: um homem sem alma. Um rei cercado de cadáveres. Um monstro criado por amor. E o mundo em breve testemunharia o que acontece quando se desperta a ira de um Sokolov. Mas o que seria de uma fera se não tivesse uma bela para domar, O que vai acontece com o russo quando seu coração volta abater.