Amélia
O sol já invadia o céu com uma luz forte e dourada quando Laís empurrou a porta do alojamento com força. Os sapatos nas mãos, o vestido amarrotado, o rosto pálido. Seus passos eram rápidos, decididos. O batimento acelerado ecoava no peito como um alarme insistente.
Ela não dormira. Não depois do que descobrira.
Subiu as escadas sem respirar, entrou no pequeno quarto compartilhado e correu até a cama de Amélia, onde a amiga ainda dormia, encolhida, os cabelos emaranhados e a respiração suave. Laís hesitou por um segundo. Como dizer? Como explicar que aquele homem que mexia tanto com a cabeça de Amélia era mais perigoso do que qualquer coisa que já haviam enfrentado?
— Amélia! — sussurrou, tocando no ombro dela. — Acorda. É sério. É urgente.
Amélia resmungou algo, virou-se na cama, os olhos ainda meio fechados.
— Laís… que horas são?
— Já amanheceu. Mas não importa. Acorda, por favor. A gente precisa conversar.
Algo na voz de Laís fez Amélia se sentar de imediato. O tom não era