Sigo atrás dele em silêncio. O som dos nossos passos ecoa pelo estacionamento vazio do hospital. O ar gelado da noite bate no meu rosto, e eu tremo — mas não sei se é pelo frio ou pelo que acabou de acontecer.
— Samuel! — chamo, quando ele para em frente à moto.
Ele gira o corpo meio de lado, sem me encarar de verdade.
— Você veio de moto ao invés de carro nesse frio?
— Moto é mais rápido — ele responde, sem hesitar. — E eu queria chegar logo aqui.
Eu dou mais um passo em direção a ele, tentando encontrar um fio de calma em meio ao caos dentro de mim.
— Samuel, a gente precisa conversar. Isso não é o que você está pensando...
— Não, Jade — ele me interrompe, duro, direto. — Eu já entendi. Você matou seu desejo momentâneo de transar comigo. Foi só uma recaída. Mas aí percebeu que é do Marco que gosta, porque ele estava lá quando eu não estava, ok. Eu entendo.
Meu peito se aperta.
— Samuel...
— Ele esteve com você enquanto eu estava preso, enquanto eu, nas suas palavras, "abandonei" v