Recuso a terceira ligação. Da mesma forma que recusei as duas anteriores. O nome dela pisca na tela como uma provocação. Jade. De novo.
Jogo o celular na cama e passo as mãos no rosto, tentando conter a raiva, a decepção, o gosto amargo de ter me entregado e, no final, ser descartado.
Ela não quer mais nada comigo. Fez questão de deixar isso claro, como se eu fosse um erro. Um acidente que não poderia se repetir.
Ela tomou. É claro que tomou.
Respiro fundo, olho para o teto do quarto de Rigel. Ele está ali do lado, dormindo pesado, os cílios longos quase tocando a bochecha, a respiração tranquila. Inocente. Longe dessa bagunça emocional que só cresce dentro de mim.
A porta se abre de repente, sem bater. Me viro de supetão, irritado, até ver Dona Helena atravessando o quarto com o celular na mão.
— Mãe, o que você tá fazendo? Ele tá dormindo!
Ela lança um olhar rápido pro neto, depois para mim, séria.
— É a Jade. — estende o telefone.
Reviro os olhos e me jogo de volta na cama.
— Ach