Foram apenas dois meses de preparação para o casamento, mas para Elizabeth, esse tempo foi repleto de grandes expectativas.
Ela estava radiante com os detalhes do casamento. Junto de Martha, encarregou-se da contratação do cerimonial e acompanhou de perto todas as exigências feitas por John.
Elizabeth concordava com tudo, ela também não desejava uma cerimônia grandiosa. Gostou da ideia de algo simples e reservado, algo íntimo, longe dos holofotes da alta sociedade.
Durante os preparativos, no entanto, ela e John não se encontraram.
Martha dizia que o filho estava mergulhado no trabalho, para depois se dedicar a ela.
Elizabeth aceitou a explicação, embora decepcionada. No fundo, esperava que pudessem ao menos se conhecerem melhor antes da cerimônia.
Martha a tratava com cortesia, mas Lizzie sentia uma certa resistência velada por parte da futura sogra, como se houvesse algo por trás de cada sorriso.
O pai de John, Roger, era um homem calado e totalmente submisso a mulher e era pouco visto por Lizzie.
Nesse período, conheceu Oliver Walker, o avô de John. Um senhor com oitenta e nove anos, com a mente ainda ativa e perspicaz, embora a idade tivesse comprometido sua mobilidade. Preferia locomover-se em uma cadeira de rodas motorizada ou com o auxílio do fiel mordomo, Jeremy.
Oliver a recebeu com gentileza e simpatia. Conversaram por um bom tempo, e logo surgiu uma conexão genuína.
Elizabeth sempre teve facilidade para lidar com pessoas idosas, e não foi difícil conquistar o velho patriarca com sua delicadeza, simplicidade e educação.
O dia do casamento chegou rapidamente.
A cerimônia seria realizada em uma pequena capela, escolhida a contragosto por John, que havia aceitado o casamento, mas impôs diversas condições.
Queria algo discreto, sem cobertura da mídia, sem fotógrafos, apenas uma breve nota anunciando o evento sem divulgar o nome da noiva.
Se dependesse dele, teria sido apenas uma assinatura no cartório. No entanto, seu avô insistiu em uma cerimônia religiosa.
— Um casamento precisa da bênção de Deus. Sem isso, não é casamento — dizia o velho Oliver com convicção.
A família de Elizabeth, por motivos religiosos, também não aceitava uma união apenas civil.
Por insistência de Martha, foi organizada uma pequena recepção na mansão dos Walker após a cerimônia.
Martha ainda havia sugerido um jantar de noivado, mas John recusou veementemente. Disse que só queria ver a noiva no altar, no dia do casamento.
Embora achasse estranho, ela não insistiu. O mais importante para Martha era que seu filho se tornasse o próximo presidente do império Walker e nada poderia atrapalhar isso.
John, por sua vez, estranhou o fato de Elizabeth ter aceitado todas as suas imposições sem questionar. Em sua mente desconfiada, isso era apenas mais uma artimanha para ludibriá-lo..
O pensamento o enchia de amargura, e seu humor, cada vez mais sombrio, afastava qualquer traço de gentileza.
*****
O dia do casamento chegou.
No altar, quando viu Elizabeth entrando na capela de braços dados com o pai, John manteve o semblante frio e impassível. Mas não pôde evitar o impacto ao vê-la.
Ela estava deslumbrante em um vestido branco clássico, de corte romântico e elegante, que realçava delicadamente suas curvas. A maquiagem era sutil, e os cabelos presos em ondas suaves, adornados pelo véu, conferiam-lhe um ar etéreo.
Por um breve momento, o coração de John acelerou. Porém, logo se recordou do motivo daquele casamento e o gelo voltou a tomar conta de seu peito.
Quando o pai de Elizabeth se aproximou para cumprimentá-lo, estendendo a mão, John a ignorou deliberadamente.
Ofereceu o braço à noiva com frieza. Lizzie, surpresa, deixou seu sorriso vacilar. Pela primeira vez, a dúvida lhe atravessou o peito:
Será que ele não queria ela como noiva?
Tentou afastar o pensamento, concentrando-se nas palavras do padre.
Durante os votos, John repetiu cada frase com voz controlada e sem emoção. Elizabeth, mesmo percebendo a frieza, manteve o brilho nos olhos.
Por um instante, algo dentro dele hesitou. Mas bastou um olhar mais demorado para que sua desconfiança voltasse com força total:
“Ela está aqui por dinheiro.”
E então, ele se fechou de vez.
Assim que saíram da igreja, John conduziu Elizabeth até o luxuoso carro preto que os aguardava.
O motorista abriu a porta para que ela entrasse, e John a fechou em seguida.
Elizabeth imaginou que ele daria a volta e entraria pelo outro lado. Para sua surpresa, ele seguiu em direção a outro carro, assumiu o volante e partiu sozinho.
Visivelmente abalada, ela observou o veículo se afastando.