Capítulo 04

Foram apenas dois meses de preparação para o casamento, mas para Elizabeth, esse tempo foi repleto de grandes expectativas. 

Ela estava radiante com os detalhes do casamento. Junto de Martha, encarregou-se da contratação do cerimonial e acompanhou de perto todas as exigências feitas por John. 

Elizabeth concordava com tudo, ela também não desejava uma cerimônia grandiosa. Gostou da ideia de algo simples e reservado, algo íntimo, longe dos holofotes da alta sociedade.

Durante os preparativos, no entanto, ela e John não se encontraram. 

Martha dizia que o filho estava mergulhado no trabalho, para depois se dedicar a ela. 

Elizabeth aceitou a explicação, embora decepcionada. No fundo, esperava que pudessem ao menos se conhecerem melhor antes da cerimônia.

Martha a tratava com cortesia, mas Lizzie sentia uma certa resistência velada por parte da futura sogra, como se houvesse algo por trás de cada sorriso.

O pai de John, Roger, era um homem calado e totalmente submisso a mulher e era pouco visto por Lizzie.

Nesse período, conheceu Oliver Walker, o avô de John. Um senhor com oitenta e nove anos, com a mente ainda ativa e perspicaz, embora a idade tivesse comprometido sua mobilidade. Preferia locomover-se em uma cadeira de rodas motorizada ou com o auxílio do fiel mordomo, Jeremy.

Oliver a recebeu com gentileza e simpatia. Conversaram por um bom tempo, e logo surgiu uma conexão genuína. 

Elizabeth sempre teve facilidade para lidar com pessoas idosas, e não foi difícil conquistar o velho patriarca com sua delicadeza, simplicidade e educação.

O dia do casamento chegou rapidamente. 

A cerimônia seria realizada em uma pequena capela, escolhida a contragosto por John, que havia aceitado o casamento, mas impôs diversas condições. 

Queria algo discreto, sem cobertura da mídia, sem fotógrafos, apenas uma breve nota anunciando o evento sem divulgar o nome da noiva. 

Se dependesse dele, teria sido apenas uma assinatura no cartório. No entanto, seu avô insistiu em uma cerimônia religiosa.

Um casamento precisa da bênção de Deus. Sem isso, não é casamento — dizia o velho Oliver com convicção.

A família de Elizabeth, por motivos religiosos, também não aceitava uma união apenas civil. 

Por insistência de Martha, foi organizada uma pequena recepção na mansão dos Walker após a cerimônia.

Martha ainda havia sugerido um jantar de noivado, mas John recusou veementemente. Disse que só queria ver a noiva no altar, no dia do casamento. 

Embora achasse estranho, ela não insistiu. O mais importante para Martha era que seu filho se tornasse o próximo presidente do império Walker e nada poderia atrapalhar isso.

John, por sua vez, estranhou o fato de Elizabeth ter aceitado todas as suas imposições sem questionar. Em sua mente desconfiada, isso era apenas mais uma artimanha para ludibriá-lo.. 

O pensamento o enchia de amargura, e seu humor, cada vez mais sombrio, afastava qualquer traço de gentileza.

*****

O dia do casamento chegou.

No altar, quando viu Elizabeth entrando na capela de braços dados com o pai, John manteve o semblante frio e impassível. Mas não pôde evitar o impacto ao vê-la. 

Ela estava deslumbrante em um vestido branco clássico, de corte romântico e elegante, que realçava delicadamente suas curvas. A maquiagem era sutil, e os cabelos presos em ondas suaves, adornados pelo véu, conferiam-lhe um ar etéreo.

Por um breve momento, o coração de John acelerou. Porém, logo se recordou do motivo daquele casamento  e o gelo voltou a tomar conta de seu peito.

Quando o pai de Elizabeth se aproximou para cumprimentá-lo, estendendo a mão, John a ignorou deliberadamente. 

Ofereceu o braço à noiva com frieza. Lizzie, surpresa, deixou seu sorriso vacilar. Pela primeira vez, a dúvida lhe atravessou o peito: 

Será que ele não queria ela como noiva?

Tentou afastar o pensamento, concentrando-se nas palavras do padre.

Durante os votos, John repetiu cada frase com voz controlada e sem emoção. Elizabeth, mesmo percebendo a frieza, manteve o brilho nos olhos.

Por um instante, algo dentro dele hesitou. Mas bastou um olhar mais demorado para que sua desconfiança voltasse com força total:

“Ela está aqui por dinheiro.”

E então, ele se fechou de vez.

Assim que saíram da igreja, John conduziu Elizabeth até o luxuoso carro preto que os aguardava. 

O motorista abriu a porta para que ela entrasse, e John a fechou em seguida.

Elizabeth imaginou que ele daria a volta e entraria pelo outro lado. Para sua surpresa, ele seguiu em direção a outro carro, assumiu o volante e partiu sozinho. 

Visivelmente abalada, ela observou o veículo se afastando.

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