Os Walker possuíam outra propriedade não muito longe dali, uma mansão moderna situada no topo de uma colina, rodeada por belos jardins.
A mansão foi construída e preparada para ser o lar de John quando ele se casasse.
Elizabeth observava a elegante mansão com admiração. A localização oferecia uma vista deslumbrante da cidade ao longe.
Por um momento, ela se permitiu imaginar tomando o café da manhã ao lado de John, contemplando aquela paisagem serena.
O carro parou diante da entrada imponente. Um dos seguranças abriu a porta para que Elizabeth descesse, enquanto John saiu pelo lado oposto.
Eles não trocaram uma palavra.
— Venha comigo — disse ele, caminhando em direção à porta principal e abrindo-a.
A casa estava vazia.
Elizabeth entrou no saguão espaçoso, onde enormes paineis de vidro ofereciam uma vista panorâmica dos jardins e da cidade ao longe.
Do hall, era possível ver uma ampla sala de estar, além de portas que levavam ao escritório, à sala de jantar e à cozinha. Uma imponente escadaria conduzia ao andar superior.
John se dirigiu diretamente para a escada, sem olhar para trás.
Elizabeth sentia o coração apertado. Desde que haviam saído da presença do avô, John se tornou frio e distante.
Apreensiva, observou-o subir os degraus sem dizer nada.
Sabia o que a aguardava no quarto, mas não tivera sequer a chance de contar que sua experiência com homens se resumia a algumas tentativas de namoro que não passaram de raros beijos.
Elizabeth subiu lentamente as escadas.
O silêncio na casa parecia aumentar sua inquietação. O ar, levemente perfumado, parecia sufocante em meio à tensão que se acumulava em seu peito.
No andar de cima, havia outra sala de estar e várias portas. John estava parado diante da maior delas, esperando por ela. Sem dizer uma palavra, empurrou a porta e entrou.
Elizabeth o seguiu hesitando.
O quarto era amplo e elegante, com grandes janelas de vidro que davam vista para o vale. A cama enorme, impecavelmente arrumada, dominava o ambiente.
John tirou o paletó e afrouxou a gravata com gestos frios, quase automáticos. Diante de uma amedrontada Elizabeth.
Ele nem olhou para ela e se dirigiu ao closet onde as roupas dela haviam sido cuidadosamente organizadas e tirou todas elas jogando sobre a cama.
Não eram muitas. Martha havia lhe dito que John havia pediu para ela levar somente o essencial e que ele providenciaria tudo que ela precisasse.
Elizabeth atônita não conseguia entender o que estava acontecendo, vendo suas roupas sendo tiradas com brutalidade e jogadas sobre a cama.
Ele se voltou para ela, o rosto sério, a voz cortante:
— Não precisa fingir surpresa. Sei que não está aqui por amor, e não pretendo manter nenhuma aparência dentro desta casa. Esse casamento é só no papel.
As palavras foram como uma bofetada. Ela engoliu em seco, tentando manter a compostura, mesmo com o nó apertando sua garganta.
— Eu... não estou entendendo... — sussurrou, com a voz trêmula. — Nós nem tivemos tempo de nos conhecer melhor...
John a encarou com os olhos cheios de raiva contida.
— Não preciso de explicações, Elizabeth. Só quero que cumpra sua parte no acordo.
Essas palavras foram como um soco no estômago. Mais doloroso ainda foi ver o que se seguiu.
Sem qualquer aviso, John começou a rasgar suas roupas, uma a uma.
Elizabeth ficou imóvel, horrorizada, sentindo-se num pesadelo do qual não conseguia acordar. As lágrimas turvaram sua visão.
O homem que ela amou desde a primeira vez que o viu, a desprezava como se ela fosse uma qualquer.
Depois de rasgar todas as suas roupas, ele voltou ao closet e pegou algumas bolsas com roupas escuras e austeras. Jogou-as aos pés dela.
— Isso combina mais com a sua nova vida — disse, com crueldade. — Não alimente ilusões românticas. Você não é digna de dividir o mesmo quarto que eu. Você é só alguém que se vendeu.
Elizabeth sentiu o chão sumir sob seus pés. Ela estava completamente confusa tentando assimilar o que estava acontecendo.
— E não pense que terá um quarto luxuoso. Seu lugar é nas dependências da empregada, lá embaixo, ao lado da cozinha.
John caminhou até a porta, e antes de sair, lançou o golpe final, com a voz seca:
— Quando eu voltar, não quero você aqui. Leve essas roupas e jogue tudo no lixo. Não quero ver nenhum vestígio seu.
E saiu, deixando-a sozinha.
Elizabeth ficou ali, no meio do quarto devastada. O silêncio voltou, agora pesado como chumbo.
As palavras dele ecoavam em sua mente, cruas e cortantes. Sentiu o peito doer como se tivesse sido partido ao meio. Caiu de joelhos, rendida ao desespero.
As lágrimas transbordaram, acompanhadas de soluços que vinham do fundo da alma.
Seu mundo desabava. O homem que ela amava a acusava de estar ali por interesse, sem saber nada sobre ela, sobre seus verdadeiros sentimentos.
Ela se arrastou até a cama, tentando recolher os pedaços rasgados de suas roupas e, junto deles, os pedaços do próprio coração.
Nunca imaginou que John poderia ser tão cruel. Pela primeira vez, ela temeu verdadeiramente por tudo o que estava por vir.