Capítulo.11

🌧 Clóvis

A chuva insistia, fina e constante, como se o céu também se desse ao trabalho de lavar o passado. Cada gota que encontrava o telhado da edícula fazia um som miúdo e repetitivo, uma espécie de metrônomo que regulava minha respiração. Deitei a cabeça no peito de Diego e deixei os batimentos dele me ancorarem — um ritmo morno, regular, que parecia dizer que, por enquanto, o mundo não iria desabar.

Mesmo depois do jantar — onde Elena e Leonhart riram como se tivessem inventado uma piada só deles —, algo permanecia alojado no meu peito. Não era mais a raiva cortante que me consumira por anos; era algo mais suave e, ao mesmo tempo, mais presente: uma cicatriz que latejava quando eu lembrava de tudo aquilo que não tive. Crescer sabendo que meu pai preferia fingir que eu não existia deixou marcas que nem todo afeto consegue apagar, mas nesses últimos meses aprendi que um novo tipo de lembrança pode curar.

— Você está pensando nele, não está? — Diego falou sem precisar virar a cabeça
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