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Capítulo 4 – O Começo da Guerra

DOMINICK

O som do relógio no escritório batia lento, cruel, como se o tempo estivesse zombando dele. Dominick Santorini encarava os papéis à sua frente, mas sua mente estava longe dali — estava em Laura.

A guerra com os Lombardi não era mais uma questão de território ou negócios. Era pessoal.

— Eles não vão parar — disse Henrique, entrando na sala com uma pasta preta em mãos. — Lorenzo está quieto demais desde que você recusou o acordo de casamento. Isso não é bom sinal.

Dominick desviou o olhar dos papéis e apoiou o charuto aceso na borda do cinzeiro. Seus olhos verdes estavam escurecidos por sombras internas.

— Eu sei que não vão parar. E sei o que vêm buscar.

— Você?

— Não. Ela.

Henrique travou.

— Você acha que vão atrás da garota?

— Eu tenho certeza. E por isso ela está longe de mim agora.

Henrique franziu o cenho.

— Você deixou ela ir?

— Ela quis voltar pra casa. Disse que precisava pensar.

— E você deixou?

Dominick bateu o punho contra a mesa.

— Eu não posso forçar ela a nada. Mas o apartamento já está monitorado. Há seguranças disfarçados em cada quarteirão.

— E quando Lorenzo perceber?

— Ele já percebeu. É só questão de tempo até testar minhas defesas.

Henrique se recostou na poltrona diante dele.

— Você a ama?

Dominick ficou em silêncio.

— Eu nunca soube o que é isso. Mas... se alguma coisa acontecer com ela, Henrique... eu destruo essa cidade inteira.

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LAURA

Laura andava de um lado para o outro no pequeno apartamento que já não parecia mais seu. Tudo nela estava em conflito — o coração dizia para voltar correndo para Dominick. A razão gritava para fugir o mais longe possível.

Mas ela não conseguia ignorar o que sentia quando ele a olhava.

Mesmo com todo o medo.

Mesmo com todas as dúvidas.

Naquela manhã, Cristina a visitou, surpresa por ela ter sumido nos últimos dias.

— Você está bem? O que está acontecendo?

Laura hesitou.

— Eu conheci alguém.

— E... é sério?

— É complicado.

— Laura, você está me assustando. Ele é violento? Abusivo?

— Não. Pelo contrário. Ele... me protege. Mas ele é perigoso.

Cristina arregalou os olhos.

— Ele é da máfia?

Laura não respondeu.

E esse silêncio respondeu por ela.

— Meu Deus... Você tá se envolvendo com um mafioso?

Laura abaixou os olhos.

— Não sei como parar. Eu tentei. Mas ele... ele me faz sentir coisas que eu nunca senti antes. Me sinto viva. Me sinto forte... E ao mesmo tempo, vulnerável.

— Isso não é romance, é uma armadilha.

Laura suspirou. Não sabia como explicar. Dominick não era só perigo. Era vício.

E ela já estava presa.

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LORENZO LOMBARDI

Do outro lado da cidade, Lorenzo caminhava em um salão luxuoso, decorado com ouro, vinho e veludo. Seus olhos estavam cravados nas telas de vigilância.

— Essa é a garota — disse um de seus homens, ampliando a imagem de Laura saindo do apartamento.

Lorenzo observou por longos segundos. Depois, sorriu.

— Frágil. Assustada. Exatamente como eu gosto.

— O que fazemos?

— Mandamos um recado. Nada que a mate... ainda. Mas algo que deixe Dominick com sangue nos olhos.

— E se ele reagir?

Lorenzo riu.

— Ele vai reagir. É o que eu quero. Se perder o controle... eu venço.

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DOMINICK

O telefone tocou.

Era Enzo.

— Senhor... recebemos algo.

Dominick franziu o cenho.

— O que foi?

— Uma caixa. Endereçada à mansão. Sem remetente.

— Conteúdo?

— Um colar. Ensanguentado. Da garota.

Dominick congelou.

— O quê?

— O colar que ela usava... tinha as iniciais da mãe dela. Está coberto de sangue.

Dominick pegou as chaves sem dizer nada. Saiu como um furacão. O carro derrapou na entrada da garagem. Ele dirigia como um louco até o apartamento de Laura.

Quando chegou, ela estava ilesa. Confusa.

— O que está acontecendo? — perguntou, surpresa ao vê-lo invadindo o apartamento com dois homens armados.

Dominick a segurou pelos ombros.

— Você está bem? Alguém te seguiu? Tocou em você?

— Não! Eu... só saí pra comprar pão...

Ele puxou um colar de dentro do paletó. Um igual ao dela. Coberto de sangue.

Laura levou a mão ao pescoço. Seu colar estava ali. Intacto.

— É uma cópia — ela sussurrou.

Dominick olhou em volta.

— Estamos indo embora. Agora.

— Dominick...

— Eles estão jogando sujo. E eu... vou esmagá-los.

---

LORENZO

Lorenzo recebeu o vídeo que seus homens gravaram da reação de Dominick.

Sorriu ao ver o desespero no rosto do rival.

— Pronto. Agora ele está vulnerável. E quando homens como ele se apaixonam... eles perdem.

— E o que fazemos com a menina?

— Ainda não. Agora ela é a isca.

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LAURA

De volta à mansão, Laura andava em círculos pelo quarto de hóspedes. Dominick estava trancado no escritório com homens de terno. Ela sabia o que estava acontecendo. E não aguentava mais ser a vítima, o alvo, a presa.

Esperou até a madrugada. Saiu do quarto. Caminhou silenciosa até o escritório.

Abriu a porta sem bater.

Dominick estava sozinho, em pé, olhando para um mapa com círculos vermelhos e fotos de homens armados.

Ele se virou, tenso.

— Laura... não devia estar aqui.

— Eu estou aqui porque não quero mais ser uma boneca de porcelana guardada em caixa.

— Isso não é um jogo.

— Eu sei. Mas eu sou parte disso agora. Querendo ou não.

Dominick se aproximou, os olhos brilhando.

— Você é minha parte boa, Laura. A única coisa que ainda tem luz.

— Então me deixa ser sua luz por inteiro. Me conta tudo. Me deixa lutar com você.

Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado.

— Se eu te contar tudo... você nunca mais vai olhar pra mim da mesma forma.

Ela tocou seu rosto.

— Já vi seu lado mais sombrio. E ainda estou aqui.

Ele respirou fundo, e pela primeira vez... começou a contar.

Sobre o império Santorini. Sobre os navios. O tráfico de armas disfarçado de turismo. Os acordos. Os assassinatos.

E então, sobre Lorenzo Lombardi.

— Ele era como um irmão. Até que tentou me trair. Agora, quer minha cabeça. E sabe que te ferir... é me ferir.

Laura ouviu tudo em silêncio. E, quando ele terminou, o abraçou.

— Eu não vou fugir.

Dominick a apertou com força. Como se ela fosse seu último pedaço de humanidade.

E naquele abraço, uma guerra foi selada.

Não apenas contra os Lombardi... mas contra o destino.

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