As janelas estavam abertas. O vento da manhã soprava leve, perfumado com sal e lavanda. Na poltrona do quarto principal, Laura embalava Domenico nos braços. Ele dormia tranquilo, as mãozinhas fechadas, o rosto relaxado como se desconhecesse qualquer coisa fora do útero.
Ela o observava com uma mistura de amor e vigilância.
Desde o nascimento, os dias se tornaram longos. As noites, eternas. Não havia descanso para quem carregava o instinto de uma mãe Santorini. Laura agora acordava ao menor suspiro. Seu corpo ainda se recuperava, mas seu espírito jamais estivera tão desperto.
Cristina apareceu à porta, discreta.
— As flores chegaram. Estão na estufa.
— Qual remetente?
— “Um velho amigo”, só isso.
Laura arqueou a sobrancelha. Ela e Dominick não tinham amigos anônimos. Ainda mais velhos.
— Manda incinerar.
Cristina hesitou.
— São lírios vermelhos.
Laura travou.
Lírios vermelhos. Flor usada nos funerais da velha máfia russa. Flor do último aviso. Flor de guerra.
Ela olhou pa