Isabela Andrade
  Sexta-feira, 16 de setembro de 2022 — Noite
O som da chuva ainda ecoava do lado de fora quando desliguei as últimas luzes do ateliê. Rebeca já tinha ido embora, e lá estava Matheo — parado diante da porta, a cadeira imponente como uma extensão de sua presença. Era impossível não sentir o peso do olhar dele. Havia algo na postura, na serenidade controlada, que fazia minhas mãos tremerem levemente sobre a alça da bolsa.
 Respirei fundo, obrigando-me a manter a compostura.
 — Está pronta? — ele perguntou, a voz baixa e firme, como quem não pede, apenas constata.
 Assenti, sem confiar na própria voz. Caminhei até a porta, e juntos seguimos até o carro. Oscar abriu a porta com a precisão habitual, e logo estávamos em movimento pelas ruas encharcadas de Paris.
 O silêncio dentro do veículo não era exatamente hostil, mas também não era confortável. Eu fingia observar as gotas de chuva escorrendo pelo vidro, mas sentia, a cada desvio de olhar, que ele não tirava os olhos de m