Isabela Andrade
Domingo, 25 de Setembro de 2022.
O cheiro de antisséptico no Hôpital Américain teimava em grudar nas minhas roupas, mas a manhã cinzenta parisiense não conseguia apagar a luz que havia voltado aos meus olhos. Meu avô estava estável. Vivo. E o casamento, mantido.
Passei as primeiras horas do dia à beira de sua cama, sentindo a fraqueza em seu corpo, mas a teimosia em seu espírito. Vovó cochilava na poltrona ao lado, exausta, mas com um sorriso sereno. O alívio era um cobertor quente sobre o pânico de ontem.
Eu estava conversando com o Dr. Dubois, o cardiologista, quando Matheo entrou, empurrando sua cadeira de rodas com precisão. Ele parecia ter dormido menos que eu, se é que havia dormido. As sombras sob seus olhos eram profundas, mas sua postura era de aço, o terno perfeitamente passado, como se o caos da noite não o tivesse afetado minimamente.
— Doutor Dubois — chamei. — O Matheo e eu… gostaríamos de manter nosso plano de casar hoje. É o desejo do meu avô. Mas is