Matheo Montclair
Sábado, 24 de setembro de 2022
O clique do celular de Isabela no chão foi o ponto final mais abrupto e violento que já enfrentei.
Eu estava ali, prestes a desmoronar a fachada de um ano. A frase, “Eu não posso me casar com você amanhã sem te contar que…”, havia saído dos meus lábios, rasgando o meu peito. A verdade estava a um fôlego de distância. Mas então, a voz chorosa da avó no telefone, a menção a uma “parada” e o desespero cru no rosto de Isabela detonaram a bomba.
A adrenalina lavou a culpa, substituindo-a pela necessidade imediata de estabilidade. Não era o momento de confessar minha fraude. Era o momento de ser a âncora dela. Se eu revelasse que podia andar naquele inferno, ela desabaria sob o peso da traição e da tragédia familiar. Eu estaria adicionando uma humilhação profunda à dor mais visceral que ela já havia sentido.
Não, eu não faria isso. Eu escolhi o silêncio.
— Eu te levo. Vamos. — A voz que saiu não foi a de um noivo prestes a se confessar, ma