Matheo Montclair
Domingo, 25 de Setembro de 2022
O peso da minha farsa não se media mais em contratos ou obrigações financeiras; media-se no brilho daquele par de olhos castanhos que se aproximava de mim no altar.
Eu estava ali, sentado naquela maldita cadeira de rodas, vestido como um noivo, mas sentindo-me como um réu. A música que Isabela escolhera era uma tortura melódica. Cada nota falava do carinho que eu sentia e da mentira que o sustentava.
Carinho? Não...
Eu estava perdidamente apaixonado por aquela mulher. Eu já estava laçado naqueles olhos desde o dia que os vi, mesmo que eu negasse.
Eu via Isabela avançar. Ela estava linda, sublime. Seu rosto, embora marcado pela exaustão da noite no hospital, irradiava uma paz. E essa paz era minha responsabilidade. Ela me olhava com a entrega total que eu sempre sonhei, mas que eu sabia ter sido conquistada por meios fraudulentos.
Meu maxilar estava travado. Eu segurei o aro de metal da cadeira com tanta força que meus nós dos dedo