Isabela AndradeNossos olhos se cruzaram e, por um instante, o tempo pareceu hesitar.Ele estava lá, do outro lado do salão, com a mesma presença serena e indecifrável da noite anterior. Sentado em sua cadeira de rodas, com os ombros eretos e o olhar firme, observava-me com um misto de surpresa contida e... familiaridade.Era como se nos reconhecêssemos, como se nenhuma parte daquela noite tivesse sido esquecida — nem por mim, nem por ele.Mas, antes que eu pudesse reagir, o garçom se aproximou da minha mesa e quebrou o momento como vidro estilhaçado.— Madame? Está tudo certo com a salada? — perguntou, com gentileza. — Notei que a senhorita ainda não comeu, quer que eu traga outra do seu agrado?Olhei para o prato como quem acorda de um devaneio. Folhas intactas, vestígios de molho espalhados de um lado para o outro. Eu nem havia percebido.— Está sim, obrigada — murmurei, recolhendo o garfo. — Pode trazer a conta, por gentileza. Já estou de saída.O garçom trouxe a conta e, logo em
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