Isabela Andrade
Domingo, 25 de setembro de 2022.
O mármore frio do salão de festas queimava sob meus pés, e o som dos meus próprios saltos era a única coisa real em meio ao pandemônio silencioso. Eu corria. Corria com a cauda do vestido de noiva balançando, pesado. A imagem daquele corpo, aquele que deveria ser frágil e dependente, de pé, forte, atlético, estava gravada a ferro e fogo na minha retina.
Ele andava.
Toda a capela, o altar, os votos, a música da minha mãe... tudo se dissolveu em um eco frio de escárnio.
— Não toque em mim. Outra vez. — A minha voz parecia vir de outro corpo, um sussurro glacial que eu nem sabia que era capaz de produzir.
Eu não olhei para trás. Não ouvi a voz dele me chamando. Não senti a mão de Louis tentando me segurar. A única ordem do meu cérebro era para sair dali imediatamente.
Atravessei a imponente sala de entrada da Mansão Montclair, ignorando os convidados em choque, o silêncio que gritava a humilhação. Abri a porta principal com violência.
Cheg