Matheo Montclair
Sábado, 17 de setembro de 2022 — Manhã
A noite anterior ainda rondava meus pensamentos. Isabela diante da caixa de tintas, os olhos marejados, as mãos delicadas deslizando sobre cada tubo como se fossem pedras preciosas. Eu não estava acostumado a dar presentes, tampouco a me preocupar com o efeito deles. Mas naquela noite percebi algo: eu queria vê-la reagir. Queria testemunhar o brilho que surgia em seus olhos quando ela se esquecia, ainda que por instantes, do peso que carregava.
E então, veio o convite. O evento beneficente de Louis sempre reunia gente demais, e eu odiava aquele tipo de aglomeração mascarada de altruísmo. Mas decidi que ela precisava sair das paredes do ateliê e ver que o mundo não era só cinza. Quando Isabela aceitou, ainda que hesitante, senti que algo havia mudado. Era um passo pequeno, mas real.
Louis chegou ao meu escritório ainda cedo. Trazia o mesmo sorriso folgado de sempre, como se a vida fosse uma festa particular onde ele era o único co