Matheo Montclair
Domingo, 25 de setembro de 2022
O piso frio da mansão, que um segundo atrás parecia me eletrocutar com o impulso da vida, agora era apenas gelo sob meus pés. Eu estava de pé. Meu corpo, que havia sido meu refúgio e minha prisão por mais de um ano, estava exposto, forte, completamente funcional. Mas a satisfação não veio. Em seu lugar, havia apenas um vazio cortante.
Eu observei a cauda do vestido de Isabela desaparecer pelo corredor. Minha esposa, minha noiva de menos de uma hora, fugia de mim. Ela levava consigo o único pedaço de humanidade que eu havia ousado construir.
O salão explodiu em um burburinho histérico, mas eu só ouvia o eco do grito da Dona Dolores. Louis, meu amigo, estava ao meu lado, pálido, mas agindo.
— Cara! — A voz dele era urgente. — Como foi fazer isso na frente de todos?
— O avô. O avô, Louis! — Minha voz saiu rouca, uma ordem. — Leve-o para o hospital agora. Chame a ambulância, o Dr. Dubois, o que for. Garanta que ele esteja seguro.
Eu me