Capítulo 46

O silêncio entre eles à beira do lago não era incômodo. Era denso, carregado de memórias que não precisavam de palavras para existir. Evelyn observava o reflexo das árvores na superfície calma da água, enquanto Lucas rabiscava distraidamente com o dedo no chão de madeira da doca, como se buscasse ordenar os pensamentos antes que eles escapassem.

— Sabe — ele começou, com a voz baixa —, eu pensei em apagar essas iniciais tantas vezes.

Evelyn desviou os olhos do lago e o encarou.

— Por quê?

— Porque me fazia sentir culpa. Como se cada vez que eu olhasse para isso estivesse traindo você. Ou ele. Ou os dois.

Ela absorveu aquelas palavras devagar, sentindo seu peso.

— E por que não apagou?

Lucas sorriu de lado, um sorriso triste.

— Porque também me fazia lembrar que, mesmo em meio à confusão, havia algo real. Algo que a gente não sabia como lidar, mas que existia.

Evelyn suspirou. Estava difícil distinguir o que era dor do que era alívio.

— Você acha que ele sabia mesmo? Lá no fundo?

Lucas
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