O silêncio entre eles à beira do lago não era incômodo. Era denso, carregado de memórias que não precisavam de palavras para existir. Evelyn observava o reflexo das árvores na superfície calma da água, enquanto Lucas rabiscava distraidamente com o dedo no chão de madeira da doca, como se buscasse ordenar os pensamentos antes que eles escapassem.
— Sabe — ele começou, com a voz baixa —, eu pensei em apagar essas iniciais tantas vezes.
Evelyn desviou os olhos do lago e o encarou.
— Por quê?
— Porque me fazia sentir culpa. Como se cada vez que eu olhasse para isso estivesse traindo você. Ou ele. Ou os dois.
Ela absorveu aquelas palavras devagar, sentindo seu peso.
— E por que não apagou?
Lucas sorriu de lado, um sorriso triste.
— Porque também me fazia lembrar que, mesmo em meio à confusão, havia algo real. Algo que a gente não sabia como lidar, mas que existia.
Evelyn suspirou. Estava difícil distinguir o que era dor do que era alívio.
— Você acha que ele sabia mesmo? Lá no fundo?
Lucas