O fim de tarde tingia o céu de tons acobreados quando Evelyn saiu da cozinha com duas xícaras de chá fumegantes. Encontrou Lucas sentado na varanda, o olhar perdido nas montanhas, como se o mundo todo coubesse naquela vista. Ele segurava o caderno fechado entre as mãos — aquele que ela havia trazido, aquele que mudara tudo.
Evelyn hesitou por um instante na porta, observando-o em silêncio. O jeito como ele se mantinha quieto, mas nunca ausente. A forma como os dedos dele tocavam o caderno como quem segura uma memória delicada demais. Por mais que os dias tivessem avançado com revelações, toques e silêncios confortáveis, algo entre eles permanecia suspenso, como se ainda houvesse uma respiração presa no peito de cada um.
Ela se aproximou com passos leves e lhe entregou uma das xícaras. Lucas agradeceu com um aceno de cabeça e um leve sorriso, que mal curvou os lábios, mas aquecia mesmo assim. Sentou-se ao lado dele, puxando a manta sobre as pernas. O vento que soprava entre as árvores